Política

Deputado bolsonarista publica montagem de Lula como ‘nazista do Hamas’

Na legenda, o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) diz que imagem será usada como foto oficial do presidente; internautas cobram responsabilização do parlamentar

Fotos: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados e Reprodução/Redes Sociais
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O deputado federal bolsonarista, Gustavo Gayer (PL-GO), publicou, no final da noite desta quarta-feira 21, uma montagem com a foto do presidente Lula (PT) caracterizado como um soldado nazista do Hamas. Na legenda, o parlamentar diz que Lula usará a imagem como foto oficial.

O presidente ainda não respondeu o parlamentar, nem informou se pretende adotar medidas judiciais contra o político. Nas respostas da publicação, internautas pedem a abertura de um procedimento contra Gayer por quebra de decoro. Até aqui, aliados de Lula na Câmara ainda não confirmaram se farão o pedido.

Para além da ação política, Ministério Público, Supremo Tribunal Federal e Polícia Federal também estão sendo marcados de forma insistente por internautas na publicação diante da gravidade do teor das postagens. Em maioria, os perfis pedem a responsabilização criminal do político.

Mesmo com a repercussão negativa, a publicação segue no ar.

A imagem publicada por Gayer reverbera as declarações recentes de Lula, que comparou o genocídio cometido por Israel em Gaza com o Holocausto sofrido por judeus durante a Segunda Guerra Mundial. O tema tem gerado fúria na extrema-direita brasileira que articula, ainda sem muito vigor, um pedido de impeachment do petista com base na determinação do governo de Benjamin Netanyahu de que Lula agora é persona non grata em Israel.

Quem é Gustavo Gayer

Gayer, autor da postagem, é figurinha conhecida da extrema-direita brasileira. Esse não é, por sinal, a primeira publicação com mensagem violenta feita pelo parlamentar. Em novembro do ano passado, ele entrou na mira da Procuradoria-Geral da República após proferir declarações racistas contra africanos durante um podcast. O ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, ao repudiar a ação, foi então vítima de nova manifestação preconceituosa do parlamentar.

Na mesma participação online, Gayer chamou Lula de bandido e fez ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal. A PGR, naquela ocasião, considerou que o deputado cometeu injúria contra o presidente.

Ele também já entrou na mira da Polícia Federal por publicações falsas sobre a tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul em setembro do ano passado. Naquele momento, ele acusou Lula de impedir que doações fossem feitas sem a sua presença no estado.

Gayer ainda acumula polêmicas na sua trajetória pessoal, antes de se tornar parlamentar. Ele sofreu, por exemplo, uma condenação na Justiça do Trabalho por assédio eleitoral. Em 2000, Gayer se envolveu em um acidente de trânsito que resultou na morte de duas pessoas. Ele estaria sob efeito de álcool. Outro acidente de trânsito causado pelo político, também sob efeito de bebida alcóolica, ocorreu em 2015.

Já na CPI da Covid, Gayer também foi apontado como um dos perfis da extrema-direita que mais lucraram com o negacionismo e desinformação sobre a doença.

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