Política

Advogados criticam relatório da Polícia e reforçam motivação política no assassinato de Marcelo Arruda

‘Como o autor do fato vai até a festa de Marcelo senão para impedi-lo? Faria o mesmo se fosse um aniversário sem conteúdo político decorativo?’, pergunta a defesa da família

O guarda municipal Marcelo Arruda foi morto com dois tiros à queima roupa, enquanto comemorava seus 50 anos. Foto: Reprodução Facebook
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Os advogados do petista assassinado por um policial penal bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR) reagiram, nesta sexta-feira 15, à conclusão da Polícia Civil paranaense de que não houve motivação política no crime.

Tesoureiro do PT, Marcelo Arruda foi assassinado por Jorge Guaranho durante uma festa de aniversário que tinha como temas o partido e o ex-presidente Lula.

“O relatório apresentado é recheado de contradições e imprecisões que demonstram a deficiente formação do mesmo”, afirmaram, em nota, os advogados Daniel Godoy Junior, Paulo Henrique Zuchoski, Andrea Pacheco Godoy e Ian Martins Vargas.

Segundo a defesa, “a necessária continuidade das investigações demonstrará a nossa convicção quanto as motivações políticas do assassinato”.

“Como o autor do fato vai até a festa de Marcelo – evidenciado o conteúdo político do evento – senão para impedi-lo ou frustrá-lo? Faria o mesmo se fosse um aniversário sem conteúdo político decorativo?

Os advogados argumentam ainda que não houve as diligências necessárias para a conclusão adequada da investigação, o que favoreceria o assassino “e a não persecução penal de eventuais terceiros envolvidos ou partícipes de qualquer forma”.

Criticam, por fim, a falta de acesso ao inquérito da Polícia Civil; a recusa pela Polícia de produção de provas por familiares; a entrega do relatório sem a conclusão da perícia em bens apreendidos, como o celular do assassino; e a antecipação, em quatro dias, do prazo para conclusão do inquérito.

O bolsonarista Jorge Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar perigo comum, segundo a delegada Camila Cecconello.

Cecconello argumentou que Guaranho atirou contra Marcelo por ter se sentindo ofendido, já que o petista atirou um punhado de terra contra o carro dele, após uma provocação política.

“É difícil nós falarmos que é um crime de ódio, que ele matou pelo fato de a vítima ser petista”, alegou a delegada. “Para você enquadrar em crime político, tem que enquadrar em alguns requisitos. É complicado a gente dizer que esse homicídio ocorreu porque o autor queria impedir os direitos políticos da vítima. Parece mais uma coisa que se tornou pessoal.”

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