Política

Defensoria recorre de nomeação de Sérgio Camargo na Fundação Palmares

Superior Tribunal de Justiça havia permitido nomeação, mas Defensoria diz que perfil do jornalista vai contra o que diz a Constituição

Defensoria recorre de nomeação de Sérgio Camargo na Fundação Palmares
Defensoria recorre de nomeação de Sérgio Camargo na Fundação Palmares
O presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo (Foto: Reprodução/Twitter)
Apoie Siga-nos no

A Defensoria Pública da União (DPU) recorreu, na terça-feira 18, da decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça em relação à nomeação do jornalista Sérgio Camargo para a presidência da Fundação Palmares, que tem o papel de promover a igualdade racial e dar suporte à luta contra o racismo.

As declarações de Camargo contra o movimento negro e que negam a existência do racismo no Brasil mostram, para a Defensoria, que a nomeação ao cargo tem caráter desviante da função primordial do órgão.

No último dia 12, o STJ havia derrubado a liminar que suspendia a nomeação do jornalista para o cargo, que havia sido proveniente de uma decisão da Justiça Federal do Ceará. O pedido para o prosseguimento da nomeação de Camargo foi feito pela Advocacia-Geral da União.

Na ocasião, o presidente do STJ, João Otávio de Noronha, argumentou que a nomeação tinha “aparência de normalidade” porque diz sobre o direito de livre escolha do Poder Executivo em indicar os responsáveis por órgãos como a Fundação Palmares. Além disso, Noronha argumentou que as publicações em que o jornalista nega o racismo no Brasil e ironiza pautas do movimento negro não autorizariam “juízo de valor acerca de seus valores éticos e morais ou mesmo de sua competência profissional”.

A Defensoria, por outro lado, argumenta que é dever do Poder Judiciário “investigar se há proporcionalidade na política pública estatal, mais especificamente se ela atende ao dever de proteção constitucionalmente incumbido ao Estado”, e destaca que o combate ao racismo é um dos pilares do direito fundamental à igualdade, previsto pela Constituição brasileira.

O recurso da DPU traz ainda publicações nas redes sociais e declarações feitas por Sérgio Camargo que demonstram sua inaptidão para ocupar o cargo.

“A nomeação de Sérgio de Camargo, cujos currículo e histórico o habilitam exclusivamente para causar a deletéria redução da proteção ao direito à igualação dos negros, desafia a própria Constituição Federal, no que abre flanco permissivo à implementação de políticas públicas voltadas à desconstrução dos avanços historicamente alcançados pela sociedade brasileira, consideradas especialmente as atribuições da presidência da Fundação Cultural Palmares”, diz a DPU.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo