Política
De Ciro Nogueira a aliados de Lula: um raio-x do novo ‘superbloco’ liderado por Lira
Trata-se, na prática, de um ‘troco’ do presidente da Câmara ao bloco recentemente encabeçado por Republicanos e MDB
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), liderou a formação de um “superbloco” na Casa, a contar com 173 parlamentares. O grupo será formado por legendas de esquerda e de direita:
- PP
- União Brasil
- Federação PSDB/Cidadania
- Solidariedade
- Patriota
- Avante
- PDT
- PSB
Trata-se, na prática, de um “troco” de Lira ao bloco recentemente constituído por Republicanos, MDB, PSD, Podemos e PSC, a reunir 142 parlamentares. A ação tinha o potencial de reduzir o poder do presidente da Câmara.
Blocos parlamentares têm um papel de destaque na distribuição de vagas nas comissões permanentes e na ordem de escolha dos cargos na Mesa Diretora e na presidência de comissões.
O bloco arquitetado por Lira tem uma composição ainda mais heterogênea que o de MDB e Republicanos e contará com integrantes da oposição e aliados do governo Lula. O primeiro líder do “superbloco” será Felipe Carreras (PE), atual líder do PSB na Casa e correligionário do vice-presidente Geraldo Alckmin. Por outro lado, o grupo reúne inimigos declarados da gestão federal, como o ex-ministro bolsonarista Ciro Nogueira (PP-PI).
Confira os representantes de cada bancada do “superbloco”:
- União Brasil: 59 deputados
- PP: 49
- PSDB/Cidadania: 18
- PDT: 17
- PSB: 14
- Avante: 7
- Solidariedade: 5
- Patriota: 4
Ao todo, as legendas do bloco controlam sete ministérios:
- Turismo: Daniela Carneiro (União)
- Comunicações: Juscelino Filho (União)
- Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços: Geraldo Alckmin (PSB)
- Justiça e Segurança Pública: Flávio Dino (PSB)
- Portos e Aeroportos: Márcio França (PSB)
- Previdência Social: Carlos Lupi (PDT)
- Integração e Desenvolvimento Regional: Waldez Góes (PDT)
O União Brasil, maior bancada do novo bloco, tem uma relação pouco usual com o governo Lula. Embora chefie diretamente três pastas, não compõe formalmente a base da gestão do petista. Na última segunda-feira 10, uma nova onda de incerteza se instalou. A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, pediu ao TSE autorização para se desfiliar do União. Também tentam deixar a legenda por justa causa outros cinco deputados, todos do Rio de Janeiro.
O presidente nacional do União, o deputado Luciano Bivar, diz que seu partido vive um “problema interno” e que o tema “não cabe ao governo do PT tomar qualquer decisão”.
Em contato com CartaCapital na terça 11, ele sustentou que uma eventual saída de Carneiro “não alteraria em nada o relacionamento com o governo Lula”. As entrelinhas, porém, indicam alguns alertas. Segundo ele, “há dentro do partido parlamentares de várias matizes” e o União “estará com o governo naquilo que for dentro das nossas linhas econômicas, sociais e ideológicas”.
Bivar também deixou clara a compreensão de que o comando do Turismo é do União Brasil, não de Daniela Carneiro. “Se [a ministra] estiver publicamente fora do partido, é natural que o PT e o governo vão entender se é melhor entregar o ministério a um deputado pessoa física ou a um partido político. Então, é uma decisão do governo.”
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