O humorista e apresentador Danilo Gentili afirmou, por meio de uma resposta a apoiadores de Jair Bolsonaro nas redes sociais, que o presidente chegou a pedir para que o SBT o demitisse após criticar o governo.
“Saiba você que tomei processo por defendê-lo e esse *** foi lá pedir minha cabeça e censura no meu emprego quando critiquei o fundão eleitoral (e seu filho usa rede de difamação contra mim)”, escreveu o humorista em sua página no Instagram, onde também xingou o presidente de “mentiroso” em relação ao seu discurso sobre liberdade de expressão e “muitas coisas”.
No Twitter, Gentili compartilhou um print do comentário e incentivou que defensores do presidente o divulgasse nos “grupinhos” de WhatsApp, uma das estratégias difamatórias utilizadas pelos apoiadores de Bolsonaro.
Passem os recadinhos pros grupinhos de vocês – podem continuar fazendo isso, não vou parar. pic.twitter.com/Uiba4Ll5bn
— Danilo Gentili (@DaniloGentili) July 8, 2020
O presidente chegou a ser um dos convidados do programa The Noite, apresentado por Gentili na emissora de Silvio Santos. Na ocasião, que foi gravada em maio de 2019, o presidente chegou a levar a camisa para mostrar a cicatriz da facada que levou na campanha eleitoral de 2018.
Gentili, até o ano passado, se mostrava entusiasta dos ideais propagados por Bolsonaro desde as eleições.
Relação Bolsonaro-SBT tem se fortalecido
O SBT é uma das emissoras que mantém enfaticamente o alinhamento ao governo Bolsonaro desde 2019. O genro do fundador Silvio Santos foi recentemente nomeado como ministro das Comunicações, uma pasta recriada para dar mais estrutura às campanhas favoráveis ao governo no Brasil e no exterior.
“Vamos ter alguém que, embora não seja profissional do setor, tem conhecimento até pela vida que ele tem junto à família do Silvio Santos. Minha intenção é essa: otimizar e botar o ministério para funcionar nessa área que estamos devendo há muito tempo, uma melhor informação”, afirmou o presidente com a escolha de Fábio Faria, também deputado pelo PSD-RN.
Além disso, Silvio Santos já direcionou uma nota interna aos funcionários do SBT na qual trata Bolsonaro como seu “patrão”: “Minha concessão de televisão pertence ao governo federal e eu jamais me colocaria contra qualquer decisão do meu ‘patrão’ que é dono da minha concessão. Nunca acreditei que um empregado ficasse contra o dono, ou ele aceita a opinião do chefe, ou então arranja outro emprego”, dizia a nota transcrita.
O recado era para que a cobertura jornalística da emissora sobre a crise do coronavírus se afastasse de viés político e focasse no factual, apesar dos frequentes desmandos de Bolsonaro em relação ao Ministério da Saúde, recomendações globais de distanciamento social e o uso indiscriminado da hidroxicloroquina.
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