Política

Damares promete que idosos não vão morrer abandonados por covid-19

Declaração ocorre dias após Bolsonaro dizer que idosos devem ser colocados ‘num canto’ e que não podem ficar na conta do Estado

A ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. Foto: Carolina Antunes/PR
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A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, prometeu que “ninguém vai morrer abandonado no Brasil” pelo novo coronavírus, em discurso nesta segunda-feira 13. A declaração ocorreu durante solenidade de lançamento do projeto “Brasil Acolhedor”, voltado especialmente para pessoas idosas vulneráveis, pessoas com deficiência e a população em situação de rua.

Damares afirmou que o governo é “acolhedor” e assegurou que o Brasil não repetirá situações vistas em países europeus, como Itália e Espanha, em que idosos são encontrados mortos por covid-19 em asilos abandonados.

“Os idosos estavam abandonados na cama e morrendo sozinhos. Isso não vai acontecer no Brasil. Isso não vai acontecer aqui. Ninguém, nesse momento de crise, vai morrer sozinho, abandonado no Brasil. Porque essa é uma nação acolhedora, este é um Brasil acolhedor. E essa é uma nação que vai cuidar de todos, e nós temos um governo acolhedor. Um governo que desde o início disse: ninguém vai ficar para trás”, afirmou.

A ideia é promover ações de apoio a instituições filantrópicas que atuem com trabalho voluntário. Em duas plataformas na web, o projeto arrecada doações e cadastra interessados em se voluntariar em uma das ações de entidades parceiras, por meio dos endereços: http://patriavoluntaria.org/pt-BRhttps://transformabrasil.com.br/.

O novo programa terá duas frentes, segundo o Ministério: uma com doações de cestas básicas e itens de higiene pessoal, e outra na seleção de organizações da sociedade civil e pessoas físicas para atuarem nas iniciativas, direto com os beneficiários.

Damares promete que o projeto chegará em todos os estados, a partir de uma parceria com o Ministério da Cidadania e a Secretaria de Governo, sob a coordenação da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Em discurso, Michelle também afirmou que tem o compromisso de “não deixar ninguém para trás”.

Idosos não podem ficar na conta do Estado, diz Bolsonaro

A pretensa preocupação de Damares e Michelle com os idosos distoa do tom controverso de recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro em relação à proteção dessa população. Na quinta-feira 9, o chefe do Palácio do Planalto foi alvo de uma nota de repúdio da presidência da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (Cidoso) da Câmara dos Deputados, por dizer que os idosos não podem ficar na conta do Estado.

Em entrevista ao programa Brasil Urgente, da emissora Band, Bolsonaro recomendou que as famílias ponham os idosos “num canto” e voltem a trabalhar.

“Devemos sim, em primeiro lugar, cada família cuidar dos mais idosos. Não pode deixar na conta do Estado. Cada família tem que botar o teu vovô, a tua vovó, num canto, e evitar o contato com ele a menos de dois metros. É isso o que tem que ser feito. O resto tem que trabalhar. Porque o que está havendo é a destruição de empregos no Brasil”, argumentou.

A presidente da Comissão, deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), divulgou um documento em que considerou a declaração de Bolsonaro “inaceitável” e destacou que a população mais velha é a mais vulnerável à doença.

 

“Essa população, que contribuiu a vida toda pelo desenvolvimento do país, agora precisa, sim, de todo o apoio do Estado, e não só das famílias”, reagiu a parlamentar.

A postura insistente de Bolsonaro em defender o isolamento vertical, voltado apenas para idosos, é criticada por diferentes autoridades públicas. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o governo federal não pode defender o isolamento vertical, enquanto não apresenta um projeto para impedir que os idosos se contaminem através dos jovens que voltarem ao trabalho.

O próprio Exército publicou um estudo em que afirma que o modelo horizontal de isolamento, voltado também a quem não compõe o grupo de risco, “tem se apresentado mais eficiente para atender as demandas emergenciais de saúde pública”.

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