Política

Rodrigo Maia descarta impeachment de Bolsonaro: “Não há motivo”

Apesar de não considerar impedimento, presidente da Câmara criticou governo federal por não propor políticas efetivas contra o coronavírus

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Foto: Reprodução/TV Câmara
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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, descartou a possibilidade de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, mesmo após pronunciamento polêmico em rede nacional sobre o novo coronavírus. Segundo Maia, a prioridade do Congresso deve ser a análise de medidas de combate à pandemia.

A declaração ocorreu durante coletiva de imprensa em Brasília, nesta quarta-feira 25. Maia havia sido perguntado se, após o pronunciamento de Bolsonaro, ele mudaria a versão de que “ainda não há clima” para impedimento.

“Eu nunca disse isso. Eu disse que não há motivo para impeachment. Eu não disse que ‘ainda’. ‘Ainda’ é uma tese que quer dizer: hoje não tem, amanhã eu vou deferir o impeachment. Vamos resolver o problema dos brasileiros, apesar de o governo dar, muitas vezes, sinalizações erradas, no meu ponto de vista, com todo o respeito ao governo.”

Em seguida, Maia criticou a proposta do governo federal em estabelecer “isolamento vertical” como prevenção ao coronavírus, ou seja, isolar apenas os idosos. Para o deputado, o governo ainda não informou como fazer para proteger os idosos do contágio através do mais jovens que saírem do confinamento e voltarem a trabalhar.

“Eu fico pensando como é que alguém pode falar em isolamento vertical, se até hoje não apresentou uma proposta de contingenciamento para os idosos brasileiros mais pobres. Eu fico pensando como é que um governo pode falar de um assunto, sabendo que nós temos milhares de idosos nas comunidades do Rio de Janeiro, que São Paulo tem sete milhões de pessoas acima dos 60 anos, muitas delas certamente de baixa renda. E até hoje a gente não viu do governo qual é a política para isolar os idosos”, disse Maia.

“A gente não pode ouvir os investidores”

O presidente da Câmara também afirmou que tem recebido pressão de investidores que colocaram recursos na Bolsa de Valores e esperavam prosperidades. Segundo Maia, atores do mercado financeiro querem que não haja isolamento, mas “a gente não pode ouvir os investidores que perderam dinheiro e foram para o risco”.

Ele disse que “investidores, preocupados com a suas perdas, querem impor ao Brasil uma realidade que não está acontecendo em nenhum país do mundo”. Em sua visão, a pressão desta parcela do empresariado é “equivocada”.

“Quem foi para o risco, foi para o risco. O que a gente precisa é continuar seguindo a orientação do Ministério da Saúde. E mais: a gente precisa de previsibilidade”, disse. “Se o governo já tivesse resolvido a renda dos brasileiros mais simples, uma política de isolamento dos idosos nas cidades com maior número de comunidades, se o governo já tivesse garantido a renda do emprego pelo menos daqueles que ganham até o teto do INSS, nós teríamos garantido previsibilidade para a maioria dos brasileiros.”

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