Política

Críticas a polarização eleitoral são ‘cretinice’, diz Lula: “O PT polariza desde que foi criado”

Em evento da CUT, o ex-presidente afirmou que a divisão entre duas candidaturas presidenciais é comum. “Eu gostaria de polarizar com os tucanos, como Fernando Henrique, e não os fascistas, como Bolsonaro. Mas é ele que está aí”

Foto: Reprodução
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a forma como o tema polarização tem sido tratado por parte da mídia hegemônica nestas eleições. Segundo defendeu nesta segunda-feira 4 em evento com sindicalistas da CUT, a polarização sempre existiu e negar isso seria apenas uma ‘cretinice’ para tentar dar musculatura a uma candidatura da chamada terceira via.

“Esse negócio de terceira via e polarização é uma cretinice. Polarização há toda vez que tem duas pessoas disputando. O PT polariza desde que ele foi criado”, disse Lula, enumerando os resultados eleitorais do partido nas disputas presidenciais desde 1989, nas quais ocupou ininterruptamente o primeiro ou o segundo lugar nas urnas.

Ainda sobre o tema, Lula acrescentou que a única diferença para as disputas eleitorais anteriores com o PSDB é que a atual polarização, com Jair Bolsonaro (PL), é travada contra alguém ‘não democrático’ e ‘pouco civilizado’.

“É o seguinte: eu gostaria de polarizar com os tucanos, como Fernando Henrique, e não os fascistas, como Bolsonaro. Mas é ele que está aí, então paciência. Ele foi eleito por quem? Quem criou o clima para eleger ele? Não fomos nós do PT. Mas ele está aí e nós vamos polarizar para ganhar as eleições”, acrescentou o ex-presidente.

O petista voltou ainda a tratar da importância de se eleger um Congresso com perfil menos conservador e mais à esquerda do que o atual. Conforme defendeu, seria trágico ele vencer as eleições e a direita seguir com a maioria no parlamento.

“Temos uma tarefa heróica, quase revolucionária. Como não vamos deixar o povo eleger pilantra? Como que a gente vai fazer para impedir a direita de ter maioria?”, questionou ao dizer que não bastaria apenas votar em um nome de esquerda, mas também convencer outras pessoas a não votarem em parlamentares de direita.

“Essa é uma tarefa que os comitês populares podem fazer, temos que fazer uma carta de compromissos e procurar candidato por candidato, quem for contra, temos que mostrar para o povo”, cobrou dos aliados presentes no encontro. “Se a gente não mudar o Congresso vai ser muito difícil fazer a contrarreforma. Não adianta chorar depois, se não tivermos números”, finalizou Lula sobre o tema.

Lula aproveitou ainda estar reunido com centenas de sindicalistas ligados à Central Única dos Trabalhadores, a maior organização sindical brasileira, para explicar o que compreende ser o novo papel do sindicalismo no Brasil. Segundo disse, as entidades trabalhistas devem se preocupar neste momento em falar com os cerca de 12 milhões de desempregados para desmentir as fake news contadas no atual governo.

“Hoje tem tanta gente desempregada que não podemos nos limitar e ir só na porta de fábrica. Muita gente que a gente representa nos sindicatos está na rua desempregado. Se formos para as ruas em um local movimentado será mais efetivo que 50 portas de fábrica”, defendeu o petista.

Aos aliados presentes, ele ainda cobrou uma melhor organização das redes sociais. A intenção, segundo explicou, é consolidar uma rede de comunicação que compartilhe as mesmas narrativas. Para Lula, essa rede de apoiadores precisa se ‘profissionalizar’ para convencer, por exemplo, motoristas da Uber de que eles ‘não são microempreendedores, mas sim quase escravos dos novos tempos’.

“Se a gente quer usar a internet temos que profissionalizar e identificar quem sabe fazer. Ainda somos muito individualistas, cada um faz sua rede e acha que é o dono da verdade e não conseguimos compartilhar isso. Essa rede, quanto mais eficaz, mais chance temos de fazer as pessoas amadurecerem do ponto de vista político”, destacou.

“Não vamos precisar criar indústria de fake news, mas precisamos criar uma indústria de dizer a verdade para o povo”, disse Lula em outro momento ao tratar do assunto. No PT, os grupos citados por Lula tem sido chamados de ‘brigadas digitais’, conforme destacou Gleisi Hoffmann, presidente do partido durante sua breve participação no encontro.

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