Política
CPMI do 8 de Janeiro cancela o depoimento de Braga Netto mais uma vez
O general foi candidato a vice de Bolsonaro em 2022 e é apontado como participante do planejamento de ataques golpistas
A Comissão Parlamentar de Inquérito que apura os ataques de 8 de Janeiro cancelou o depoimento do general Walter Braga Netto, que estava previsto para 5 de outubro.
A oitiva do militar já havia sido cancelada quando estava marcada para 19 de setembro. Governistas apontam o general como participante do planejamento dos atos antidemocráticos. Em 2022, ele foi candidato a vice-presidente na tentativa de reeleição de Jair Bolsonaro (PL).
Ainda não há uma data prevista para o depoimento, se houver. Segundo interlocutores, a tendência é que a CPMI seja encerrada sem ouvi-lo.
A suspensão ocorre no momento em que o presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), aponta um impasse entre parlamentares governistas e oposicionistas, por falta de acordo sobre os próximos passos.
Com a CPMI na reta final, os bolsonaristas sustentam a necessidade de investigar uma suposta colaboração do governo Lula (PT) com os ataques golpistas. Para isso, eles defendem a convocação do coronel Sandro Augusto de Sales Queiroz, que comandava o Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional.
Os governistas, por sua vez, veem a convocação como uma “cortina de fumaça” para impedir que as apurações cheguem até Bolsonaro. A posição desses parlamentares é que a CPMI só pode convocar a Força Nacional caso aprove convocações de citados pela delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid: o ex-comandante da Marinha Almir Garnier dos Santos e o ex-assessor Filipe Garcia Martins.
Além disso, os governistas requerem relatórios de inteligência financeira de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle, para analisar as suas movimentações bancárias.
Embora os governistas sejam maioria na CPMI, o presidente dos trabalhos, que é do Centrão, tem atuado para agradar também os bolsonaristas, sob a justificativa de que é necessário haver “equilíbrio” nas investigações.
Para os governistas, o entendimento que Maia busca é de que a Força Nacional seja convocada sem essas exigências sobre Garnier dos Santos, Martins e os relatórios financeiros.
Nesta quinta-feira 28, também foi cancelado o depoimento de Alan Diego dos Santos Rodrigues, condenado por colocar uma bomba em caminhão-tanque nos arredores do Aeroporto de Brasília, em dezembro. Nesse caso, não havia quórum, e o assunto já havia sido tratado em outros dois depoimentos.
A expectativa é que a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSB-MA), apresente seu parecer até 17 de outubro.
Segundo o calendário da comissão, as próximas oitivas serão:
- 3 de outubro: Argino Bedin, investigado como possível financiador dos atos golpistas. A convocação atende a um requerimento do deputado Carlos Veras (PT-PE) e segue a tentativa dos parlamentares governistas de investigar empresários bolsonaristas que tenham apoiado os ataques;
- 5 de outubro: Beroaldo José de Freitas Júnior, subtenente do Batalhão de Policiamento de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal. A convocação atende a um requerimento do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), sob a justificativa de que “o militar buscou dissuadir a perturbação da ordem pública”.
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