Política

CPI do MST pode terminar com relatório final reprovado, diz Ricardo Salles

A previsão do relator é de que trabalhos sejam concluídos na semana que vem; Centrão substituiu integrantes por nomes menos reativos ao governo

O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP). Foto: Victor Ohana/CartaCapital
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O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito que apura ações do Movimento dos Sem Terra, admitiu que os trabalhos perderam a força e que há riscos de que o relatório final seja reprovado. A expectativa é de que o texto seja submetido a votação na semana que vem.

A declaração ocorreu nesta quinta-feira 10, após o depoimento do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Na ocasião, Salles afirmou que a composição da CPI foi “manipulada” por “interferências políticas” do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Sem dúvidas. Quando o governo manobra para pressionar os partidos que querem cargo no governo a tirar os deputados que apoiam a CPI e colocar deputados que querem obstar a CPI, evidentemente enfraquece”, afirmou o ex-ministro do Meio Ambiente, após questionamento de CartaCapital.

Segundo o deputado, a decisão da Mesa é de não prorrogar a CPI. Na terça-feira 15, está prevista uma oitiva com João Pedro Stédile, líder do MST. Os dirigentes consideram entregar o relatório até a quarta-feira 16.

Salles afirmou que o documento será elaborado de forma “fidedigna” às apurações da CPI, mas que não conta com a sua aprovação.

“Com essa configuração da Comissão de agora, nós temos sérias dúvidas se aprovariam um relatório. Então, nós não estamos nem contando com essa hipótese de aprovar o relatório”, declarou.

O parlamentar relatou a articulação para a realização de uma diligência na Bahia, estado que ele classifica como “epicentro das invasões de terra”. No entanto, ele relatou uma preocupação com a falta de tempo e de garantias de segurança para os participantes da viagem.

A frustração dos bolsonaristas com a CPI do MST se deu com a aproximação do Planalto com os partidos PP e Republicanos, fortes bancadas do Centrão.

A movimentação implicou manobras dos partidos PP, Republicanos, União Brasil pela troca de integrantes por nomes menos resistentes ao governo. Além disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anulou a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, à CPI.

Conhecida por tumultos de ampla repercussão na imprensa, a CPI teve uma audiência amena com Paulo Teixeira. Ao fim da sessão, o ministro disse esperar a breve conclusão do relatório.

“O saldo é o diálogo, a capacidade de conversa e de responder às questões levantadas”, afirmou. “Na minha opinião, ela [a CPI] vai partir para a sua conclusão.”

Em nota na quarta-feira 9, o MST declarou que, desde maio, a CPI “não conseguiu apresentar provas dos crimes imputados à organização” e que o objetivo dos trabalhos é “criminalizar o Movimento, atacar o governo federal e agitar a base social bolsonarista”.

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