‘Completamente desconectado da realidade’, diz vice da Câmara sobre pronunciamento de Bolsonaro

A CartaCapital, Marcelo Ramos lamenta discurso no Congresso: 'Nenhuma palavra sobre fome, nenhuma palavra sobre como enfrentar o desemprego, baixar a inflação, segurar os juros'

Marcelo Ramos e Jair Bolsonaro. Fotos: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados e Alan Santos/PR

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O vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos, criticou o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira 2, em sessão solene do Congresso Nacional que abriu os trabalhos do Poder Legislativo em 2022.

Ramos deixou o PL após a filiação de Bolsonaro. A desfiliação foi confirmada em janeiro e o parlamentar discute a possibilidade de ingressar no PSD, de Gilberto Kassab.

Em entrevista a CartaCapital, o vice-presidente da Câmara classificou o discurso do Bolsonaro como “completamente desconectado da realidade da vida do povo brasileiro”.

“Nenhuma palavra sobre fome – que é a maior dor do povo hoje -, nenhuma palavra sobre como enfrentar o desemprego, baixar a inflação, segurar os juros. Nenhuma palavra sobre como enfrentar o aumento do gás de cozinha e o aumento da carne. E com uma solução equivocada em relação ao aumento da gasolina”, afirmou Ramos.

Em seu pronunciamento, Bolsonaro mencionou indiretamente as discussões sobre a disseminação de fake news nas redes sociais, especialmente durante a campanha eleitoral. A Justiça Eleitoral estuda entrar em ação contra o aplicativo de mensagens Telegram, considerado por especialistas a fronteira digital mais fértil para a desinformação.

“Nunca virei aqui nesse Parlamento pedir regulação da mídia e da internet. Espero que isso não seja regulamentado por qualquer outro Poder. A nossa liberdade acima de tudo”, disse Bolsonaro, em tom enérgico. “Sempre respeitaremos a harmonia e a independência dos Poderes.”


Ramos, por outro lado, analisa que os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), proferiram discursos “mais conectados, enfrentando os problemas do desemprego, da necessidade de medidas que mitiguem esse sofrimento do povo”.

Os discursos, analisa o deputado, sinalizam que “o Parlamento está muito mais conectado com as necessidades do que o presidente, o que é uma marca desses três anos e que parece que vai se confirmar neste último ano”.

Pacheco declarou ser “inconcebível que pessoas passem fome no País com a maior produtividade agropecuária do mundo”. Disse também ser “inconcebível que um País com tantas riquezas naturais esbarre em crises energéticas e hídricas por falta de planejamento”.

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