Política
Como Bolsonaro tenta evitar depoimento à PF sobre trama golpista
O ex-presidente foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro
A defesa de Jair Bolsonaro (PL) pediu ao Supremo Tribunal Federal o adiamento do depoimento do ex-presidente à Polícia Federal sobre a trama golpista de 2022. A oitiva está agendada para a próxima quinta-feira 22.
Segundo os advogados, Bolsonaro “opta por não prestar depoimento ou fornecer declarações adicionais até que seja garantido o acesso à integralidade das mídias dos aparelhos celulares apreendidos, sem abrir mão, por óbvio, de ser ouvido em momento posterior e oportuno.”
A defesa sustenta que a Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF em 8 de fevereiro, ocorreu após uma decisão do ministro Alexandre de Moraes que “contém excertos de supostas conversas presentes nos celulares apreendidos ao longo de todo este procedimento investigatório, mídias às quais a defesa não teve acesso até hoje.”
Bolsonaro foi um dos alvos da operação, executada pela PF a fim de apurar uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Lula (PT).
Os fatos analisados pela corporação configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Ao autorizar a operação, Moraes determinou a apreensão do passaporte de Bolsonaro, medida cautelar que a defesa tenta reverter.
Os advogados também já solicitaram que Moraes seja retirado da relatoria da investigação. Um dos argumentos da defesa é que o magistrado seria pessoalmente interessado no caso, já que a PF apontou um plano “que teria como episódio central a prisão do próprio ministro, na oportunidade já presidente do Tribunal Superior Eleitoral”.
Entre outros elementos, a PF identificou uma minuta golpista a prever a prisão de Alexandre de Moraes e do decano do STF, Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Segundo um relatório da polícia, o então presidente teria determinado “ajustes” no documento, retirando os nomes de Gilmar e Pacheco e mantendo o de Moraes, além de projetar a realização de novas eleições. A minuta teria sido entregue a Bolsonaro por Filipe Martins, à época assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, preso em 8 de fevereiro.
A análise do esboço de decreto teria levado à convocação de uma série de reuniões por Bolsonaro, “inclusive para tratativas com militares de alta patente sobre a instalação de um regime de exceção constitucional”.
Moraes também retirou o sigilo de uma reunião ministerial comandada por Bolsonaro em 5 de julho de 2022. Para a PF, o encontro “revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte no sentido de validar e amplificar a massiva desinformação e as narrativas fraudulentas” sobre as eleições e as instituições.
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