Política

Colocar alguém da UNE em debate antidrogas é ‘piada’, diz Bolsonaro

Em transmissão ao vivo no Facebook, presidente justificou exclusão de estudantes e artistas do Conselho de Políticas Antidrogas (CONAD)

Foto: Marcos Corrêa/PR
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) justificou, com deboche, a exclusão da representação da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD). A declaração ocorreu em transmissão ao vivo nas redes sociais, nesta quinta-feira 25.

Em seu discurso, Bolsonaro rebateu críticas sobre o desmonte do conselho, que reúne integrantes da sociedade civil para discutir políticas públicas. Entre risadas, sugeriu que estudantes da UNE, inclusos na entidade, não têm propriedade para participarem dos debates antidrogas.

“Tem alguns criticando. Tinha ali, não tenho ao certo, 80 ou 90 pessoas nesse conselho, reduzimos para aproximadamente 20. E aí eu perguntaria para você: a gente precisaria realmente de ter, no CONAD, representante da UNE? Para falar de política antidrogas?”, indagou o presidente, em tom irônico. “É uma piada, pô, botar alguém da UNE numa política antidrogas, uma piada, tá certo?”

Em seguida, o presidente também justificou a expulsão de profissionais do mercado artístico da entidade. “Um [setor excluído] também, representantes do meio artístico. Meio complicado também. Cortamos o meio artístico também, tá certo?”, disse. “De modo que um conselho menor, mais enxuto, mais seleto, temos condições de discutir uma boa política antidrogas que realmente seja boa para todos nós brasileiros”.

Diversos cargos do CONAD, que eram reservados a médicos, psicólogos, assistentes sociais, conselhos especializados e outros, foram extintos na segunda-feira 22, após decreto publicado no Diário Oficial da União. A UNE participava com a indicação de um educador. Se, anteriormente, a lista se diversificava em mais de 10 categorias, agora, maior parcela dos participantes do CONAD pertence ao governo.

Na pasta do Ministério da Justiça, presidido por Sergio Moro, o órgão existe desde 2006 e é o responsável por regulamentar e pesquisar sobre o uso de substâncias químicas. outros ministros também terão cadeiras garantidas no Conad, como já estipulado anteriormente. Além de Moro, também estão garantidos no Conselho os ministros Abraham Weintraub (Educação), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Paulo Guedes (Economia) e Osmar Terra (Cidadania) são alguns dos nomes participantes.

Em nota publicada em 22 de julho, a UNE classificou a decisão de Bolsonaro como um “retrocesso sem tamanho”. “Ampliar o debate sobre as drogas no Brasil é bandeira da UNE. É uma questão que deve ser tratada do ponto de vista da saúde pública e também do ponto de vista do problema social do tráfico. Excluir agentes que possam contribuir com esses conhecimentos é um retrocesso sem tamanho”, afirmou o presidente da entidade, Iago Montalvão.

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