Política

Coaf vê ‘movimentação atípica’ nas contas da Precisa Medicamentos

Desde que fechou contrato com o governo federal a empresa já movimentou 43 milhões de reais, bem acima do faturamento anual de 17 milhões

Coaf vê ‘movimentação atípica’ nas contas da Precisa Medicamentos
Coaf vê ‘movimentação atípica’ nas contas da Precisa Medicamentos
Foto: Indranil MUKHERJEE/AFP
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O Conselho de Controle de Atividade Financeira apontou em relatório que a Precisa Medicamentos realizou movimentações atípicas nas suas contas e com recursos ‘incompatíveis com o patrimônio’ desde fevereiro deste ano.

A movimentação coincide com o período em que fechou contrato com o governo federal de Jair Bolsonaro para intermediar a compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin. A informação é do G1.

Segundo apontou o relatório do Coaf, de fevereiro a junho de 2021, a Precisa Medicamentos movimentou 43 milhões de reais nas suas contas. O valor é mais do que o dobro do faturamento anual da empresa, de 17 milhões.

Além do montante superior ao habitual, o Coaf ainda apontou dificuldades em identificar a origem e o destino destes recursos.

Os documentos foram entregues à CPI da Covid que investiga a participação da Precisa nas suspeitas de irregularidades e superfaturamento na negociação da vacina Covaxin.

Na 6M Participações, outra empresa em que Francisco Maximiano, dono da Precisa, é sócio, há registros de mais de 66 milhões de reais movimentados entre setembro de 2020 e 28 de fevereiro deste ano. O faturamento anual da 6M é de 5,4 milhões.

As contas de Maximiano também indicam recursos incompatíveis com a renda declarada, de apenas 4,3 mil reais mensais em média. Em contas registradas no nome do empresário foram encontrados movimentações milionárias – 4 milhões de reais em uma e 1,2 milhão em outra. Os valores são provenientes de créditos de empresas das quais ele é sócio.

Maximiano teve seus sigilos bancário, telefônico e telemático quebrados pela CPI da Covid no Senado. A movimentação financeira revelou uma vida de luxo, com compra de carros e joias de alto padrão.

A participação do empresário na negociação da Covaxin e em outros contratos suspeitos com o governo é alvo de investigações.

O depoimento à comissão foi adiado duas vezes. A primeira porque o empresário voltava da Índia. A segunda, porque o empresário conseguiu um habeas corpus junto ao Supremo Tribunal Federal para poder se manter em silêncio durante o depoimento.

A CPI recorreu ao STF para derrubar o habeas corpus e aguarda a decisão antes de convocá-lo novamente.

Maximiano e Precisa negam irregularidades nas movimentações.

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