Política

‘Cedo ou tarde serão colocados no devido lugar’, diz Bolsonaro sobre ministros do STF

O ex-capitão também mentiu sobre o PL das fake news, que, segundo ele, é uma tentativa de magistrados de promover censura

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciou a semana com novo ataque aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Em entrevista aos veículos do grupo O Liberal nesta segunda-feira 11, o ex-capitão subiu o tom ao dizer que ‘cedo ou tarde’ os integrantes da Suprema Corte serão colocados em ‘seus devidos lugares’. Ao longo da conversa, o ex-capitão ainda criticou a atuação do tribunal e do Congresso para combater a disseminação de fake news no País.

“Essas poucas autoridades em Brasília precisam entender que podem muito, mas não podem tudo. Eu acredito que, mais cedo ou mais tarde, chegaremos a um bom termo nessa questão e essas pessoas que estão extrapolando serão colocados no seu devido lugar. Liberdade de expressão não tem preço e não tem limite”, disse após diversas passagens contra os ministros do STF.

Ao longo da entrevista, Bolsonaro nomeou diretamente apenas Alexandre de Moraes, mas fez questão de deixar claro que suas ameaças também estavam direcionadas a Edson Fachin e Ricardo Lewandowski. “Os três ministros do Supremo que estão dentro do TSE”, especificou Bolsonaro após uma das críticas. Luís Roberto Barroso deixou a presidência da Corte recentemente.

“Tivemos o requerimento de urgência para um projeto que visava censurar as mídias sociais. O PL dos fake news. Esse projeto tem interesse direto dos três ministros do Supremo que estão dentro do TSE. Eles querem censurar as mídias sociais no Brasil. Não tiveram sucesso por nove votos”, criticou Bolsonaro em um determinado momento.

De acordo com o ex-capitão, ele é contra o projeto porque a mentira não seria o ‘grande problema do Brasil’, mas sim a inflação e o desemprego, que, vale ressaltar, enfrentam recordes negativos desde que Bolsonaro chegou ao poder. Mais adiante, no entanto, ele se contradiz ao celebrar os supostos bons resultados do seu governo nas duas áreas.

Recentemente, o parlamentar bolsonarista Giovani Cherini (PL-RS) disse que o presidente e sua base são contrários ao texto porque, ao combater a disseminação de notícias falsas, diminui-se a possibilidade de vitória de Bolsonaro nas eleições de outubro deste ano.

“Somos contrários à urgência porque o projeto não pode ser votado agora, tem que ser votado após a eleição. Esse projeto é o endereço certo para retirar a possibilidade do Bolsonaro ganhar no primeiro turno”, afirmou o parlamentar.

Para além da atuação no âmbito eleitoral e no combate às fake news, Bolsonaro também partiu para cima do Supremo em outras decisões. Segundo defendeu em tom mais inflamado, o tribunal seria um ‘grande problema’ em temas relacionados a políticas ambientais e ‘interferiria em absolutamente tudo no País’.

“Aqui no Brasil o grande problema que nós temos é uma parte dos ministros do Supremo Tribunal Federal”, respondeu ao ser questionado sobre não ter conseguido avançar ainda mais em políticas que liberam a exploração em áreas protegidas, como reservas indígenas.

Em outra passagem, ao defender sua desastrosa política de condução da pandemia, interrompeu o raciocínio para criticar as decisões do STF. “Em março de 2020 o Supremo Tribunal Federal…sempre eles, que interferem em tudo, tudo o que você possa imaginar, não tem exceção…até quando quero nomear uma pessoa em um cargo comissionado, eles interferem…eles decidiram que a condução das questões da pandemia eram concorrentes e sempre valeria a mais restritiva”, destacou.

Os ataques desta segunda-feira ecoam declarações repetidas constantemente por Bolsonaro desde o ano passado. No domingo, o ministro do Supremo e ex-presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, respondeu algumas destas passagens.

“Saíram à luz do dia os homofóbicos, os misóginos, os racistas. É preciso enfrentá-los, mas sem a sensação de que nós perdemos”, disse o magistrado. “A causa das mulheres, a causa do meio ambiente, a causa da igualdade racial, a causa da proteção indígenas não são causas progressistas, essas são causas da humanidade”.

O magistrado não citou diretamente Bolsonaro, mas citou temas que são abordados pelo ex-capitão, como a falsa alegação de fraudes nas urnas. “Isso não é normal. A mentira não é uma outra versão da história. A mentira é só uma mentira”, destacou Barroso ao tratar do assunto.

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