Educação

Candidatos ligados ao Centrão e evangélicos se articulam de olho na vaga de Ribeiro; saiba quem são

Secretário-executivo da pasta despontou com favoritismo para substituir ministro, mas enfrenta concorrência

Victor Godoy e Garigham Amarante, cotados a substituir Ribeiro no MEC. Fotos: Divulgação
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Após a queda de Milton Ribeiro do comando do Ministério da Educação, o secretário-executivo da pasta, Victor Godoy Veiga, assumiu a cadeira interinamente, mas outros candidatos vêm se movimentando em busca de apoio para o cargo. Embora o número dois do MEC seja visto como favorito para herdar o posto, o reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Anderson Correia, já cogitado para a função em 2020, tem boas relações com a bancada evangélica e tenta atrair o Centrão para sua campanha. A terceira peça do tabuleiro é o diretor de Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educação (FNDE), Garigham Amarante, vinculado ao PL, sigla do bloco.

A opção por Godoy seria uma forma de o governo dar continuidade à gestão atual e, paralelamente, conter o ímpeto de integrantes do Centrão interessados em emplacar um apadrinhado no cargo. Ainda pesa a favor dele o fato de ser servidor de carreira da Controladoria-geral da União (CGU), órgão responsável por apurar irregularidades no Executivo federal. A efetivação reforçaria o discurso do Palácio do Planalto de que não será tolerante com malfeitos. Ribeiro caiu após denúncias de que pastores evangélicos cobravam propina de prefeitos para destravar recursos do MEC. A própria CGU abriu procedimento para apurar as suspeitas de ilegalidades na pasta. Hoje, no primeiro dia como ministro interino, Godoy passou o dia em reuniões com a equipe da secretaria-executiva.

Antes de chegar ao MEC, levado por Milton Ribeiro em julho de 2020, Godoy foi chefe da Diretoria de Acordos de Leniência da CGU e trabalhou diretamente com o ministro da controladoria-geral da União, Wagner Rosário. Na função, ele também conheceu o atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, no período em que o magistrado era o titular do Ministério da Justiça.

Corrida por apoio

Formado em Engenharia de Redes de Comunicações de Dados pela Universidade de Brasília (UnB), Godoy afirma em seu currículo ter 15 anos de experiência em auditoria. Entre outros feitos, o secretário cita que “foi membro de vários comitês de leniência responsáveis por apurar casos de corrupção, incluindo alguns relacionados a suborno transnacional”.

O oponente que vem fazendo os movimentos mais contundentes é o reitor do ITA. Anderson Correia chegou a ser cotado para assumir o MEC há dois anos, como nome indicado pelo pastor Silas Malafaia, que tem livre acesso a Bolsonaro. Na ocasião, porém, o presidente optou por Milton Ribeiro. Agora, o próprio Correia pediu ajuda a integrantes da bancada evangélica para angariar apoio entre outros segmentos, como partidos do Centrão e militares ligados ao Planalto. Desde então, ele já procurou parlamentares de diferentes matizes, entre eles o presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP), e o líder do PP, sigla de Bolsonaro, o deputado Altineu Côrtes (RJ). Na lista de contatos do reitor também estão os deputados Paulinho da Força (SP), presidente do Solidariedade; Eduardo Cury (PSDB-SP) e Daniel Freitas (PL-SC). Nos bastidores, Correia argumenta que tem uma trajetória ligada à educação, diferentemente do secretário-executivo do MEC, e que jamais esteve envolvido em episódios que o desabonem.

Azarão ligado ao PL

Já o diretor de Ações Educacionais do FNDE, Garigham Amarante, alçado ao posto atual por indicação do Centrão, é o que menos tem chances de chegar ao comando do MEC. Ao saber que seu nome teria começado a circular no Congresso, Amarante telefonou para o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para saber se havia possibilidade real de ser o escolhido. Valdemar baixou a expectativa do aliado ao dizer que, até então, o partido não tinha um nome para levar a Bolsonaro. Assim como o reitor do ITA, o diretor do FNDE não esconde o desejo de chegar à Esplanada.

Com a saída de Milton Ribeiro, o governo Bolsonaro contabiliza uma queda de ministro a cada 43 dias, conforme O GLOBO mostrou ontem. Desde que Bolsonaro chegou ao Planalto, já houve 27 trocas em ministérios. Pelo MEC, passaram Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Antonio Paulo Vogel (interino), além de Milton Ribeiro. Carlos Decotelli chegou a ser anunciado, mas não foi empossado.

No último domingo, o GLOBO também mostrou que o MEC é visto como a “galinha dos ovos de ouro”. Para este ano, a pasta tem um orçamento de R$ 159,58 bilhões. Portanto, desperta o interesse de políticos pela capilaridade com que esse dinheiro pode ser ser empregado em seus redutos eleitorais, sobretudo em ano de eleição.

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