Economia

Brasil registrou 629 greves de funcionários públicos em 2023, aponta relatório do Dieese

Paralisações registradas no primeiro ano de governo Lula superam os movimentos realizados no início do governo Bolsonaro

O passivo vem das gestões Temer e Bolsonaro, que se recusaram a negociar – Imagem: ANDES-Sindicato Nacional
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O número de greves realizadas por funcionários públicos em 2023, primeiro ano do novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), superou o número de paralisações registradas no mesmo período da gestão de Jair Bolsonaro (PL). Os dados foram divulgados nesta segunda-feira 22 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entidade que monitora a atividade sindical no País. 

Segundo o levantamento do Dieese, foram registradas 629 greves em 2023, frente a 566 paralisações no primeiro ano da gestão bolsonarista. O aumento é de 12%. 

A maioria dos movimentos, diz o Dieese, reivindica reajustes salariais e a estipulação de pisos salariais para as categorias representadas. A expectativa dos pesquisadores é de que o número de greves aumente em 2024. 

Apesar do aumento do número de greves realizadas em 2023, mostra o relatório, apenas 12% duraram mais do que 12 dias. No comparativo, o patamar é bem próximo ao do governo anterior. 

O boletim do Dieese mostra, ainda, que quase metade, 47% das paralisações, foram greves de advertência, com tempo de duração pré-determinado pelas entidades representativas dos funcionários públicos. Na maior parte dos casos, 82%, o governo federal e os sindicatos da categoria conseguiram retomar negociações.

Movimentos atuais 

Atualmente, funcionários da rede federal de ensino estão paralisados há mais de 40 dias em algumas universidades e institutos federais. A situação é considerada a mais delicada pelo governo federal, já que a categoria representa quase 40% dos servidores públicos da União. 

Além dessa, outras áreas têm pressionado o governo por melhoras em salários e condições, entre elas estão os profissionais do Ibama, ICMBio, Comissão de Valores Monetários, Banco Central, auditores fiscais e agropecuários, além de técnicos-administrativos. 

Segundo as fontes sindicais, o número maior de mobilizações neste início de governo demonstra um ambiente criado pelo próprio presidente Lula (PT) em comparação com o governo anterior. O apontamento é que a atual gestão federal deixa o cenário de mobilizações do funcionalismo público mais favorável, oferecendo possibilidades reais de negociação e sem respostas violentas, diferentemente do que acontecia na gestão de Bolsonaro.  

Histórico do funcionalismo

O relatório lembra também que, desde 2016, a maioria das categorias do funcionalismo federal não teve reajuste salarial. O passivo vem das gestões Temer e Bolsonaro, que se recusaram a negociar.

Em fevereiro, o Ministério de Gestão e Inovação, comandado por Esther Dweck, retomou a Mesa Nacional de Negociação Permanente com os servidores públicos federais. O grupo servirá para discutir a recuperação salarial e a reestruturação de carreiras. A mesa foi instalada pela primeira vez em 2013, mas havia sido interrompida após o impeachment de Dilma Rousseff.

Negociações complicadas

Apesar da disposição do governo federal em voltar à mesa, o próprio presidente já reconheceu que há uma dificuldade orçamentária para atender todas as demandas do funcionalismo público. O orçamento, conforme tem explicitado Fernando Haddad e Simone Tebet, sofre contingenciamentos com vistas a alcançar o déficit zero das contas públicas. 

Além de uma oferta de reajuste parcelado até o final do mandato, o governo Lula também apontou o reajuste de benefícios como outra saída para distensionar a relação com os servidores. Nenhuma das medidas ainda foi acatada pelos grevistas.

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