Política

Bolsonaro volta a dizer que acesso a armas ‘salva vidas’; especialistas refutam alegações

Durante cerimônia em Brasília, o ex-capitão voltou a defender o excludente de ilicitude para policiais

Foto: EVARISTO SA/AFP
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a pregar o uso de armas pela população, nesta sexta-feira 25, durante evento em Brasília. Mais uma vez, ele atribuiu a redução do número de mortes violentas no País à sua política armamentista.

“Tem a atuação das secretarias de segurança dos estados, mas também do governo federal, com os decretos de armas que apresentamos, dando o direito ao cidadão de bem comprar sua arma”, disse. “São medidas que fazem os marginais serem desestimulados. Armas de fogo salvam vidas e evitam que autoridades de plantão passem a sua força ditatorial contra um povo desarmado.”

A tese bolsonarista, no entanto, não se sustenta, de acordo com especialistas em segurança pública ouvidos por CartaCapital em fevereiro, quando o ex-capitão proferiu as mesmas declarações.

Na ocasião, o pesquisador do Fórum de Segurança Pública e professor da FGV Rafael Alcadipani explicou que não existe a relação sugerida por Bolsonaro e que nas próximas décadas será possível ver os efeitos negativos da atual política armamentista.

“Não tem absolutamente nada a ver uma coisa com a outra. Neste momento, os populistas sempre tentam trazer para eles a vitória que não é deles”, criticou o especialista. “São inúmeros fatores que levaram à queda e nenhum deles tem relação com o que o inquilino do Planalto está tentando colocar.”

O diretor-presidente do Fórum de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, elencou alguns fatores que explicam a queda, também refutando a ‘tese’ de Bolsonaro. “Entre as causas estão a profissionalização do mercado de drogas brasileiro; maior controle e influência dos governos sobre os criminosos; apaziguamento de conflitos entre facções; políticas públicas de segurança focalizadas; e redução do número de jovens na população.”

As declarações de Bolsonaro nesta sexta ocorreram durante cerimônia de entrega de comendas da Ordem do Mérito do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Durante a agenda, o ex-capitão fez vários acenos aos policiais federais e voltou a defender o excludente de ilicitude para a categoria.

“É uma classe muito especial e temos que ter consciência disso. Muito me constrange ver um jovem de 21, 22 anos, engajado, responder processo após cumprimento de uma missão”, declarou.

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