Política

Bolsonaro volta a criticar a demarcação de terras indígenas: ‘É o fim da nossa economia’

Em breve entrevista antes da motociata em Sorocaba, o ex-capitão elogiou sua política ambiental, mas omitiu dados do desmatamento

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a política de demarcação de terras indígenas no Brasil. Segundo ele, a medida de preservação socioambiental e respeito à autodeterminação dos povos originários seria prejudicial para a economia do País.

“A preocupação [com a demarcação de terras] é que é o fim do agronegócio no Brasil. É o fim da nossa segurança alimentar e o fim da nossa economia do campo, que nós alimentamos mais de 1 bilhão de pessoas no mundo”, disse Bolsonaro, nesta terça-feira 13, sem citar dados de que mostram que 33 milhões de brasileiros passam fome no País.

“O pessoal tem que ver o que os candidatos pretendem fazer, falam de forma bastante clara”, completou. “Dobrar a área indígena demarcada no Brasil é o fim da nossa economia e o fim da nossa segurança alimentar.”

Vale registrar que Bolsonaro tem entre seus principais financiadores de campanha nomes ligados ao agronegócio e com problemas judiciais, justamente pela exploração ilegal em terras indígenas ou desmatamentos feitos por fora da lei. Um levantamento recente da Agência Pública mostrou que até o final de agosto, a cada cinco doadores da campanha de Bolsonaro, um tinha multa no Ibama.

É importante pontuar ainda que, na tarde desta segunda-feira 12, ao receber o apoio de Marina Silva (Rede), o ex-presidente Lula (PT) disse que, se eleito, ele irá retomar a política de demarcação de terras indígenas interrompida pela atual gestão. A intenção é integrar a prática junto com as demais sugestões da ex-ministra sobre a preservação do meio ambiente e de uma política de desenvolvimento econômico sustentável. O projeto é batizado de ‘Resgate Atualizado da Agenda Ambiental Perdida’ e foi entregue em mãos por Marina a Lula.

Nesta terça, após se dizer contrário à demarcação de terras indígenas, Bolsonaro celebrou ainda sua política ambiental e energética. Ao fazer isso, no entanto, omitiu recordes de desmatamento e destruição de biomas brasileiros registrados durante os seus quatro anos de governo.

“Ninguém tem o que nós temos. De acordo com as mãos de quem estiver o Brasil, poderemos ter um retrocesso aí e mergulhar o Brasil no obscurantismo”, disse após citar um projeto de geração de energia eólica no Nordeste, que ainda não saiu do papel.

Ainda na breve conversa com os jornalistas, ele negou que as motociatas sejam patrocinadas. “A motociata aqui é tudo espontâneo, ninguém gastou 1 centavo, o pessoal vem de forma voluntária”.

Os eventos, no entanto, têm custado altas cifras aos cofres públicos desde o ano passado, em especial com seguranças e deslocamentos. Até dezembro do ano passado, eventos deste tipo já haviam custado cerca de 5 milhões aos cofres públicos. Quando promovidas em SP, é comum que o valor por uma motociata passe de 1 milhão de reais.

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