Política

Bolsonaro sobre pandemia: não é hora de procurar responsáveis

Presidente comentou a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, de mandar o Senado instalar a CPI da Covid-19

Foto: Marcelo Camargo
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O presidente Jair Bolsonaro criticou a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, de mandar o Senado Federal instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a omissão do governo federal no enfrentamento à pandemia.

Em entrevista à CNNBrasil na noite de quinta-feira 8, o presidente afirmou que não é o momento de buscar responsáveis e reclamou de uma suposta interferência do STF em outros Poderes.

“Por que a CPI? É CPI para investigar as ações do governo federal. Por que não bota estadual e municipal? Nós fizemos a nossa parte. O [ex-ministro da Saúde] Pazuello comprou vacinas no ano passado”, disse o presidente.

“Está na hora de, em vez de ficar procurando responsáveis, unir o Supremo, o Executivo e o Legislativo na busca de soluções”, acrescentou.

Ainda na quinta, o Brasil registrou mais um dramático recorde na pandemia de Covid-19. Segundo boletim do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, foram registradas 4.249 mortes em 24 horas, o maior número desde o início da emergência sanitária.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que cumprirá a decisão do STF, mas lamentou a ordem.

“A todo instante, desde que assumi a presidência do Senado, tenho pregado a necessidade de que o enfrentamento inteligente à pandemia seja pautado na pacificação, na união, na coordenação. Tenho buscado a todo instante a estabilidade política e institucional do País”, declarou.

Em sua tradicional live semanal, Bolsonaro voltou a citar um “clima de pavor” em torno da doença e defendeu medicamentos ineficazes.

Ao lado do secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, o presidente insinuou que o comportamento das pessoas infectadas pelo vírus influencia no tratamento.

“Você tem dois gêmeos que adquirem o vírus no mesmo dia. Um está apavorado, o outro calmo, sabendo que tem de enfrentar o problema. Esse comportamento reflete na cura?”, questionou, dirigindo-se a Angotti, que respondeu: “Reflete, esse tipo de comportamento pode, sim, abalar o sistema imunológico. É como se tivesse menos recursos para enfrentar a doença com um quadro de tristeza, depressão, estresse”.

Decisão sobre cultos e missas

À CNNBrasil, Bolsonaro também comentou a decisão do STF de proibir celebrações religiosas presenciais no momento mais dramático da pandemia.

Votaram desta forma os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowksi e Luiz Fux.

Kassio Nunes Marques e Dias Toffoli foram os únicos a defender a liberação das cerimônias.

“A questão da igreja? Tem o artigo 5º da Constituição, não pode ser modificado nada ali. Quase que diariamente eu vejo suicídio, coisa que não existia com essa frequência. O que leva é a depressão: brigou em casa, faltou pão na mesa, vergonha de encarar os filhos. O cara quando está na dificuldade procura Deus, ele vai na igreja, no templo. O templo está fechado”, disse.

“Lá dentro, com todas as medidas, a chance de transmitir é quase zero. A própria decisão do ministro Kássio era 25% da capacidade. Tem que dar a chance do ser humano se confortar, pegar uma palavra de apoio”, defendeu Bolsonaro.

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