Justiça

Bolsonaro recua sobre ministério da Segurança, mas diz que “na política, tudo muda”

Aliados de Moro dizem que, se a medida de separar as áreas da pasta for adiante, ele pode deixar o governo

Bolsonaro e Moro. Foto: Alan Santos/PR
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta sexta-feira 24, que a chance de recriar a pasta da Segurança Pública no momento é “zero”, mas não descartou a possibilidade. “Tá bom ou não? Tá bom, né? Não sei amanhã. Na política, tudo muda, mas não há essa intenção de dividir [o Ministério da Justiça]. Não há essa intenção”, completou o presidente ao chegar na Índia.

A ideia de recriar o ministério da Segurança, que foi dado à Moro quando ele assumiu a pasta da Justiça, foi anunciado pelo próprio presidente nesta quinta-feira 23. Ao sair do Palácio do Planalto, Bolsonaro disse a jornalistas que a demanda pela repartição do ministério teria vindo de secretários estaduais de segurança pública. “Isso é estudado. É estudado com o Moro… Lógico que o Moro deve ser contra, mas é estudado com os demais ministros”, relatou.

A pasta da Segurança Pública foi criada no governo de Michel Temer e, depois, acoplada ao Ministério da Justiça na formulação do governo Bolsonaro. Aliados do ex-juiz sabem que, se a medida de separar as áreas da pasta for adiante, ele pode deixar a Esplanada dos Ministérios.

Quando aceitou o convite de Bolsonaro para se tornar ministro, Moro destacou suas pretensões em atuar no combate ao crime organizado e à corrupção. “[…] a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito à Constituição, à lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão”, disse Moro, em nota, ao divulgar sua decisão à imprensa.

Bolsonaro, por sua vez, também exaltou um futuro papel de combate ao crime. Com um novo ministério, as funções do ministro, que deixou de ser ídolo da Lava-Jato para chegar ao poder, seriam desidratadas. O comando da Polícia Federal, caso se seguisse o mesmo modelo adotado por Temer, não estaria mais sob a alçada do ministro.

O presidente afirmou que a fusão dos ministérios não estava prevista antes do convite a Moro, apesar das demandas prévias para assumir o cargo. “Se for criado, aí o Moro fica na Justiça. É o que era inicialmente. Tanto é que, quando ele foi convidado, não existia ainda essa modulação de fundir com o Ministério da Segurança”, disse Bolsonaro.

A popularidade de Sérgio Moro não parece agradar o Palácio do Planalto, que vê o ministro como um provável futuro candidato à presidência. Moro, até o momento, nega os rumores. O ministro já sofreu consecutivas derrotas em sua gestão, como a perda do antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para o Banco Central e, mais recentemente, a sanção presidencial a criação do juiz de garantias – figura criticada pelo ministro e que foi derrubada, por enquanto, pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal.

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