Política

Bolsonaro ironiza defesa às minorias e sugere “proposta de emenda à Bíblia” para a esquerda

Em videoconferência com religiosos, Bolsonaro deixou a pandemia em segundo plano e criticou ‘ideologia de gênero’ nas escolas

O presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Major Vitor Hugo (PSL-GO), em reunião com religiosos. Foto: Isac Nóbrega/PR
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Em reunião com líderes católicos nesta quinta-feira 21, o presidente Jair Bolsonaro criticou os defensores do que chama de “ideologia de gênero” e sugeriu que a esquerda apresente uma “proposta de emenda à Bíblia” para que ele desista de seus valores cristãos.

Bolsonaro fez a ironia durante videochamada, acompanhado do deputado federal Major Vitor Hugo (PSL-GO), líder do governo na Câmara, e de outros membros de sua equipe. Na ocasião, o presidente da República reclamou de processos judiciais que recebe por fazer declarações públicas consideradas ofensivas a minorias sociais.

O chefe do Palácio do Planalto se queixou de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) relacionada a uma declaração que fez na televisão, em que defendeu “direitos familiares”. Ele afirmou que a indenização requerida já está atualizada em 500 mil reais, mas ainda tenta ganhar o processo.

“Espero ganhá-la [a ação judicial], porque eu estava defendendo os direitos familiares numa emissora de televisão e não agredi ninguém. Apenas, eu falava da família prevista, se eu não me engano, no artigo 226 da Constituição. Até eu falei: muda a Constituição que a gente muda alguma coisa também. Agora, eu não vou mudar tudo porque, pra eu mudar de vez, vão ter que apresentar uma emenda à Bíblia”, afirmou.

Com risadas, Bolsonaro prosseguiu: “Eu acho que, por enquanto, não temos emenda à Bíblia em lugar nenhum né, eu ia continuar agindo da mesma maneira. Ó, lancei a ideia aí, pessoal: emenda à Bíblia aí. Proposta de emenda a Bíblia, né?”, debochou.

Em discurso, Bolsonaro lembrou que foi eleito por defender “valores familiares” que estavam, segundo ele, em “franca decadência”. Ele acusou as gestões petistas no Palácio do Planalto de “aparelhamento” do Ministério da Educação. Para ele, a pasta foi responsável por levar às escolas determinados conteúdos que representavam “ataques às crianças”.

“Vamos respeitar a minoria, mas quem tem que fazer valer a sua vontade é a maioria. Porque, se não, a gente tem que inverter tudo aqui no Brasil. A minoria participa, mas quem decide é a maioria”, disse. “A família é a base da sociedade, e a religião é um freio também. E as pessoas começam a valorar essas questões e respeitar as outras.”

Sobre a pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro voltou a criticar a cobertura da mídia em relação ao crescente número de mortes e de infecções no país.

“Houve uma propaganda muito forte em cima disso. Trouxe o pavor para o seio da família brasileira. E obviamente, nós sabemos da gravidade das pessoas idosas e daqueles que têm algumas doenças, né, uma vez acometidos pelo vírus”, declarou o presidente.

Antes da videoconferência com os religiosos, Bolsonaro esteve com os presidentes do Congresso Nacional, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP). No encontro, o presidente defendeu o congelamento de salários dos servidores públicos como “remédio menos amargo” para a crise econômica.

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