Política

Bolsonaro diz que pesquisas foram ‘antidemocráticas’ e ameaça institutos: ‘Espero que não dobrem a aposta’

Em coletiva de imprensa em Brasília, o ex-capitão acenou a eleitores do Ciro e disse ter perdoado Sergio Moro após receber apoio do ex-juiz

Foto: Reprodução/Redes Sociais
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou, nesta quarta-feira 5, os institutos de pesquisa que apontavam sua derrota em primeiro turno na eleição presidencial realizada no domingo 2. Segundo defendeu a jornalistas em uma coletiva de imprensa em Brasília, os levantamentos divulgados nas vésperas da eleição seriam ‘antidemocráticos’ e precisam ser investigados. Ao final, o ex-capitão concluiu sua fala em tom de ameaça aos pesquisadores.

“Muitos votaram em quem estava na frente para não ter segundo turno. [Os institutos] arrastaram, sim, pessoas para lá”, criticou Bolsonaro. “A intenção dos institutos é interferir na democracia. Falam tanto de atos antidemocráticos e isso é um ato antidemocrático. Esses números abusivos, que quase decidiram no primeiro turno, seria um desastre para o Brasil”, completou.

Um pouco mais adiante, após Anderson Torres, ministro da Justiça, reafirmar a instalação de um inquérito da Polícia Federal contra as empresas de pesquisas, Bolsonaro subiu o tom e disse esperar que os levantamentos não mostrem um cenário de vantagem de Lula (PT).

“Eu espero que os institutos de pesquisa não dobrem a aposta por ocasião do segundo turno”, concluiu Bolsonaro em tom ameaçador.

O ex-capitão, vale dizer, esteve acompanhado de Ibaneis Rocha (MDB), governador reeleito no Distrito Federal. O político anunciou apoio a Bolsonaro neste segundo turno. Em meio às declarações, também fez ataques aos pesquisadores:

“É criminoso colocarem um candidato com 4%, um dia antes da eleição, com 16%. Ninguém pode dizer que isso está correto”, disse Ibaneis. “Os institutos de pesquisa no Brasil têm agido contra a democracia e merecem ser investigados e punidos”, acrescentou, celebrando então os projetos no Congresso e pedidos de CPI que têm as pesquisas como alvo.

Perdão a Sergio Moro

Ainda na coletiva, Bolsonaro também celebrou ter recebido o apoio de Sergio Moro (União Brasil) e de Deltan Dallagnol (Podemos). Os dois políticos, que estavam na lista de desafetos de Bolsonaro, foram eleitos para o Congresso pelo Paraná. Após os apoios, ele disse ter perdoado os lava jatistas, em especial, o ex-juiz.

“Fui bem claro: passado é passado. A história se faz de várias maneiras: coerência, reconhecimento e humildade e gratidão também”, respondeu o ex-capitão. “Olha o ‘Pai Nosso’, fala em perdão. Sei que é difícil, o esquecimento é impossível, mas o perdão nos leva a vida eterna”.

Eleitores de Ciro

Bolsonaro também aproveitou a coletiva de imprensa para tentar atrair eleitores de Ciro Gomes (PDT), quarto colocado no primeiro turno. O político, vale dizer, endossou timidamente o apoio do PDT a Lula. Para Bolsonaro, a posição do pedetista pode beneficiá-lo, pois mostraria ‘a incoerência’ do adversário.

“Se ele foi coerente ou não, só os eleitores que vão dizer. […] O eleitor está contigo quando demonstra coerência, quando demonstra incoerência, o eleitor faz outra escolha”, avaliou Bolsonaro sobre a posição de Ciro.

“Eu peço para o eleitor do Ciro, como é um eleitor dito bastante qualificado, tenho certeza que vão tomar a melhor decisão para o segundo turno”, acenou em seguida.

Negativa da fome

Bolsonaro, ainda na conversa, tornou a negar que existe fome no Brasil. “O Brasil está sendo exemplo para o mundo. Não temos problema aqui com a nossa segurança alimentar”.

Apesar do que diz o presidente, o País atravessa por uma das piores situações de insegurança alimentar da história. Segundo um relatório recente da Rede Penssan, são 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil sob a gestão de Bolsonaro.

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