Política

Bolsonaro diz que não interferiu na PF e trocou diretor por ‘falta de interlocução’

A investigação contra o ex-capitão teve início com uma acusação do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro

O ex-juiz Sergio Moro e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: EVARISTO SÁ/AFP
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O presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento, na noite da quarta-feira 3, à Polícia Federal, no âmbito do inquérito que apura possível interferência ilegal na corporação.

Bolsonaro disse que não interferiu na PF e que substituiu em 2020 o então diretor-geral, Maurício Valeixo, por “falta de interlocução”.

“Que confirma que em meados de 2019 solicitou ao ex- ministro Sergio Moro a troca do Diretor Geral da Polícia Federal DPF Valeixo, em razão da falta de interlocução que havia entre o presidente da República e o diretor da Polícia Federal. Que não havia qualquer insatisfação ou falta de confiança com o trabalho realizado pelo DPF Valeixo, apenas uma falta de interlocução”, diz trecho do depoimento.

“Que nunca teve como intenção, com a alteração da Direção Geral, obter informações privilegiadas de investigações sigilosas ou de interferir no trabalho de Polícia Judiciária ou obtenção diretamente de relatórios produzidos pela Polícia Federal”.

Em 7 de outubro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, estabeleceu o prazo de 30 dias para que a PF ouvisse Bolsonaro. Um dia antes, Bolsonaro disse à Corte, por meio da Advocacia-Geral da União, que aceitava depor presencialmente. O documento chegou a Moraes minutos antes de os ministros retomarem o julgamento que determinaria o modo como o presidente deveria fornecer explicações à corporação.

Moraes assumiu a relatoria do caso no ano passado, quando o então relator, Celso de Mello, se aposentou e deixou a Corte. Em outubro de 2020, em sua última decisão no STF, Mello votou para que Bolsonaro fosse obrigado a depor pessoalmente, não por escrito.

A investigação teve início com uma acusação do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. De saída do governo, Moro declarou, em abril do ano passado, que Bolsonaro estava operando mudanças na diretoria da PF para evitar que investigações atingissem seu círculo de alianças. Em dezembro de 2020, Moraes remeteu o caso ao colegiado do Supremo após Bolsonaro declarar, via AGU, que não prestaria depoimento.

A oitiva de Bolsonaro era a última etapa pendente para a conclusão das investigações. Agora, o relatório da PF será enviado à Procuradoria-Geral da República, a quem cabe decidir se há provas suficientes para a apresentação de uma denúncia.

Em nota divulgada nesta quinta-feira 4, o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, diz que foi “surpreendido pela notícia de que o presidente da República, investigado no Inquérito 4831, prestou depoimento à autoridade policial sem que a defesa do ex-ministro fosse intimada e comunicada oficialmente, com a devida antecedência, impedindo seu comparecimento a fim de formular questionamentos pertinentes, nos moldes do que ocorreu por ocasião do depoimento prestado pelo ex-ministro em maio do ano passado”.

Leia a íntegra do depoimento:

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