Política

Bolsonaro diz que Forças Armadas “não cumprem ordens absurdas”

Presidente manifestou-se sobre decisão de ministro do STF que determinou limites aos poderes das Forças Armadas

Bolsonaro diz que Forças Armadas “não cumprem ordens absurdas”
Bolsonaro diz que Forças Armadas “não cumprem ordens absurdas”
O presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Marcos Corrêa/PR
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas não cumprem ordens absurdas e não aceitam interferências de um poder sobre outro, segundo nota publicada na sexta-feira 12, por meio de seu perfil no Facebook e da conta da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom).

Bolsonaro divulgou o comunicado após o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), contrariar seu entendimento e determinar que as Forças Armadas não são “poder moderador” e têm atuação limitada. A decisão de Fux ocorreu em julgamento de ação sobre o artigo 142 da Constituição.

Em resposta à medida liminar de Fux, Bolsonaro escreveu que “as Forças Armadas estão sob a autoridade suprema do presidente da República, de acordo com o artigo 142 da Constituição Federal” e que “as mesmas destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

O texto segue: “As Forças Armadas do Brasil não cumprem ordens absurdas, como por exemplo a tomada de poder. Também não aceitam tentativas de tomada de poder por outro poder da República, ao arrepio das leis, ou por conta de julgamentos políticos”.

Na sequência, o presidente completa a nota afirmando que a decisão do magistrado “bem reconhece o papel e a história das Forças Armadas, sempre ao lado da democracia e da liberdade”.

O texto é assinado por Bolsonaro, pelo vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, e pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo.

– Lembro à Nação Brasileira que as Forças Armadas estão sob a autoridade suprema do Presidente da República, de acordo…

Posted by Jair Messias Bolsonaro on Friday, June 12, 2020

Fux atendeu parcialmente a uma ação do PDT, que pediu que o Supremo explicasse até onde vai o alcance da interpretação sobre o artigo 142 da Constituição. Conforme mostrou CartaCapital, especialistas apontavam “legitimidade legal” a golpes de Estado por meio do artigo.

O artigo 142 foi utilizado, por exemplo, pela deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) para justificar uma intervenção militar. Já o procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que as Forças Armadas têm direito a “uma ação efetiva de qualquer natureza” em caso de conflito entre os poderes. Bolsonaro também citou o artigo durante reunião ministerial de 22 de abril.

No entanto, em medida liminar, Fux determinou a exclusão das interpretações que permitam a intromissão das Forças Armadas em poderes independentes.

“A chefia das Forças Armadas é poder limitado, excluindo-se qualquer interpretação que permita sua utilização para indevidas intromissões no independente funcionamento dos outros poderes, relacionando-se a autoridade sobre as Forças Armadas às competências materiais atribuídas pela Constituição ao presidente da República”, disse.

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