Política

Bolsonaro diz que Forças Armadas cumprem ordens dele ao questionarem o sistema eleitoral

Sem provas, presidente reforçou que os militares teriam descoberto ‘coisas erradas’ e, por isso, o TSE resiste em autorizar a participação na apuração

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar ministros do Tribunal Superior Eleitoral nesta segunda-feira 11. Em conversa com apoiadores no cercadinho, o ex-capitão chamou Edson Fachin, que preside a Corte, de ‘ditador’, além de prometer apresentar ‘provas’ de supostas fraudes nas eleições de 2014 e 2018.

“Quero explicar para os embaixadores o que aconteceu em 2014 e 2018, documentado. Não adianta falar com a imprensa porque eles distorcem”, afirmou o presidente.

Pouco antes, Bolsonaro admitiu que as Forças Armadas estariam questionando as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro sob sua determinação.

“O TSE convidou as Forças Armadas para participar de uma Comissão de Transparência Eleitoral, mas acho que eles não entenderam…não sabiam…que o chefe supremo das Forças sou eu. Eu determinei que se fizesse o processo que deveria ser feito no TSE”, iniciou. “Nós apresentamos as sugestões, mas o TSE na pessoa do Fachin, era do Barroso antes, não aceita que nosso pessoal técnico converse com os técnicos deles. Ontem o Fachin disse que não tem mais conversa. Acho que ele já se intitulou o ditador. Quem age dessa maneira não tem qualquer compromisso com a democracia”, vociferou em seguida.

Sem provas, Bolsonaro disse ainda que a Corte não estaria permitindo que as Forças Armadas participassem do processo porque militares teriam descoberto ‘coisas erradas’ nas eleições. Nas declarações, tornou a afirmar que os votos ‘serão contados’, uma alusão, que tem repetido, ao voto impresso.

Entre um ataque e outro, também criticou o ministro Alexandre de Moraes e voltou a celebrar ter concedido perdão ao deputado Daniel Silveira, condenado por promover atos antidemocráticos e ameaças aos membros da Suprema Corte.

Na conversa, tornou a negar que pretende dar um golpe ao tumultuar o processo eleitoral. Conforme disse aos apoiadores, quem fala que ele pretende dar um golpe em outubro é ‘um otário’.

“Eu não estou atacando o sistema eleitoral, querendo dar um golpe, o otário que fala isso não checa que eu já sou o presidente. Vou dar um golpe em mim mesmo? Só um imbecil que fala essas besteiras ai. Acho que nós somos uma das últimas democracias no mundo”, disse em tom irritado.

Aos apoiadores, voltou também a celebrar um suposto sucesso da economia brasileira, que, na prática, apresenta inflação acumulada de dois dígitos e poder de compra reduzido. “Os números estão indo bem na economia. […] Está tudo dando certo no Brasil.”

Bolsonaro usou boa parte do tempo em que esteve com os apoiadores para criticar Lula (PT), atual líder nas pesquisas eleitorais. Segundo defendeu, o povo precisaria comparar melhor o seu governo com o do petista para decidir seu voto. “Eu não sei o que as pessoas enxergam nesse cara que nunca teve qualquer caráter na vida. […] Se voltar a quadrilha de antes o Brasil acabou.”

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