Política

Bolsonaro diz que ‘agora’ confia nas eleições: ‘Nós, das Forças Armadas, participaremos do processo’

Durante evento em Ponta Grossa (PR), o ex-capitão também admitiu ser ‘um cara’ do Centrão e atacou opositores

Foto: Reprodução/TV Brasil
Apoie Siga-nos no

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira 5 que “agora” confia nas urnas eletrônicas para as eleições de 2022. O novo apoio ao sistema eleitoral se dá, segundo ele, pela participação das Forças Armadas no processo, a convite do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso.

Em longo discurso em Ponta Grossa (PR), Bolsonaro também atacou opositores, se mostrou deslumbrado por ter sido ‘reconhecido’ no G20 pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e fez insinuações sobre as investigações da facada sofrida por ele durante a campanha eleitoral de 2018.

“Tenho tranquilidade porque o voto eletrônico vai ser confiável no ano que vem, porque tem uma portaria lá do TSE convidando entidades para participar das eleições, entre elas as Forças Armadas. E eu determinei ao ministro Braga Netto [da Defesa]: já que fomos convidados, aceitamos”, disse o presidente. “E passamos a acreditar no voto eletrônico. Nós, das Forças Armadas, participaremos de todo o processo eleitoral. Do código-fonte até a sala secreta. Não seremos moldura. O ideal é o impresso, mas o eletrônico, dessa forma…”

Em setembro, Barroso anunciou a composição da Comissão de Transparência das Eleições. Entre os integrantes está o general de divisão do Exército e comandante de defesa cibernética Heber Garcia Portella, indicado por Braga Netto.

A Comissão também contará com o apoio do senador Antônio Anastasia (PSD-MG), do ministro do Tribunal de Contas da União Benjamin Zimbler, da conselheira federal da Ordem dos Advogados do Brasil Luciana Nepomuceno, do perito criminal da Polícia Federal Paulo César Herman e do vice-procurador-geral da Eleitoral Paulo Gonet Branco.

Dentre os especialistas da sociedade civil estão os professores André Luiz de Medeiros (UFPE), Bruno de Carvalho Albertina (USP) e Roberto Alves Galo (Unicamp), além da pesquisadora do Centro de Tecnologia da FGV-Rio, Ana Carolina Dahora, da coordenadora da Transparência Brasil, Ana Claudia Santana, e da representante da Open Knowledge Brasil, Fernanda Campagnucci.

Ainda em relação a 2022, Bolsonaro afirmou que três partidos querem “se casar” com ele – um deles é o PP, do presidente da Câmara, Arthur Lira.

“Quem podia imaginar ser presidente? Nem imaginava ser deputado federal, mas fui por 28 anos, no PP do Ricardo Barros. Alguns falam ‘ah, o Centrão’. Votaram em um cara do Centrão. Eu tenho que conversar com o PP, o PL. Eu não posso conversar com o PSOL, só se for para legalizar drogas.”

Bolsonaro também declarou que “alguns querem cortar” a sua cabeça. “Cortem no voto, pô. Na mão grande não vão cortar. Se eu fizer algo de errado, posso até fazer, não será consciente. Estamos completando três anos sem corrupção.”

G20

Após permanecer isolado na cúpula do G20, em Roma, no fim de semana passado, Bolsonaro exaltou o fato de ter sido ‘reconhecido’ por Angela Merkel.

“Em dado momento, sem querer, eu pisei no pé da Angela Merkel. E ela falou: ‘Só podia ser você’. Eu fiquei feliz porque ela me reconheceu. Ela sabia quem eu era”, disse, nesta sexta. “Eu e ela conversamos por quase 40 minutos. No final da conversa, se tivesse uma banda ali, eu iria dançar algo com ela, com toda a certeza.”

Segundo o ex-capitão, as manifestações contra o seu governo realizadas em Roma eram promovidas por brasileiros. “O cara vai daqui para lá, bancado por alguém, para protestar contra a gente. Tinha sempre meia dúzia na frente do hotel. Daí eu comecei a sair pelo fundo. Para que sair pela frente para enfrentar uns histéricos, juntamente com parte da mídia, também histérica?”.

A facada

Mais uma vez, Bolsonaro demonstrou confiança sobre o avanço das investigações da facada sofrida por ele durante a campanha eleitoral de 2018, em Juiz de Fora (MG).

Na quinta-feira 4, a 2ª Seção do Tribunal Regional Federal da 1ª Região autorizou a retomada da apuração, ao dar aval à análise de dados bancários e do material reunido em busca e apreensão contra o advogado de Adélio Bispo, autor da facada.

“Quem esperava que eu fosse presidente da República? Mas aconteceu. Eu confesso que me candidatei, tinha o objetivo, sim, mas não me iludia. Tive uma facada no meio do caminho… Por falar em facada, vai ser reaberto o processo. Agora, vamos ter quebra de sigilos, imagens, vamos chegar no final da linha. Foi da cabeça dele aquela tentativa ou não? Eu acho que não, até pela estrutura que tinha diante de si”, insinuou, no Paraná.

“Até hoje não querem desvendar o caso Celso Daniel. Me interessa desvendar o caso Marielle, me interessa o caso Jair Bolsonaro em Juiz de Fora. Queremos a verdade”, finalizou.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo