Bolsonaro diz a Biden que quer ‘eleições limpas, confiáveis e auditáveis’ em outubro

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse ao homólogo americano Joe Biden desejar “eleições limpas, confiáveis e auditáveis” no Brasil, durante a sua primeira reunião bilateral com o atual presidente dos Estados Unidos, no âmbito da Cúpula das Américas, em Los Angeles, nesta quinta-feira 9.

Bolsonaro afirmou a Biden que os dois governos têm o “espírito democrático” em comum e que, quando deixar o governo, a entrega da cadeira presidencial ocorrerá de “forma democrática”.

“Neste ano, temos eleições no Brasil, e nós queremos, sim, eleições limpas, confiáveis e auditáveis, para que não sobre nenhuma dúvida após o pleito”, declarou. “Tenho certeza de que ele será realizado nesse espírito democrático. Cheguei pela democracia e, tenho certeza, quando eu deixar o governo, também será de forma democrática.”

Bolsonaro citou a crise econômica enfrentada pelo Brasil e culpou o que chamou de “política do ‘fique em casa e e a economia a gente vê depois'”, termo pejorativo utilizado para se referir ao isolamento social na pandemia. Ele responsabilizou, também, os efeitos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Conforme a sua intenção, antecipada nesta semana, o chefe do Planalto também exaltou a sua suposta gestão ambiental, assunto que desperta preocupação em toda a comunidade internacional.

Ele afirmou que os brasileiros se sentem “ameaçados” pela soberania do País na área e que a preservação das riquezas naturais é exemplar, contrariando uma série de dados de instituições de pesquisa e de entidades que apontam crescimento nos índices de devastação na Amazônia.

“Dois terços do Brasil são preservados. Mais de 85% da Amazônia também. A nossa legislação ambiental é bastante rígida, e fazemos o possível para cumpri-la, para o bem do nosso País”, declarou. “Somos um exemplo para o mundo na questão ambiental.”

Bolsonaro aproveitou a ocasião para enaltecer as relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos e sugeriu a manutenção da parceria.

“Vivemos há quase 200 anos em parceria. Alguns momentos, nos afastamos por questão ideológica. Mas tenho certeza de que, por nossa chegada ao governo, nunca tivemos uma oportunidade tão grande, pelas afinidades que o nosso governo tem.”

A Cúpula das Américas, uma tradicional reunião de chefes de Estado do continente americano, está esvaziada neste ano, por causa da decisão de Biden de excluir a participação de Cuba, Venezuela e Nicarágua, medida que causou indignação em outras nações.

Pouco antes do encontro com Bolsonaro, Biden fez um discurso em que enalteceu o compromisso com “governos democráticos” e o respeito ao “Estado de Direito”.