Política

Bolsonaro diz que vai mostrar a Biden ‘o que é o Brasil’ e volta a negar queimadas na Amazônia

Em discurso a empresários, o presidente também criticou o STF em favor do PCO, chamou Fachin de ‘marxista-leninista’ e se comparou a Ciro Gomes (PDT)

O presidente Jair Bolsonaro (PL), durante evento da ACRJ. Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que mostrará “o que é o Brasil” ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao mencionar um encontro marcado com o chefe da Casa Branca nesta semana.

Os dois  devem se reunir pela primeira vez nesta quinta-feira 9, em Los Angeles, na Califórnia, no âmbito da Cúpula das Américas, que teve início na segunda-feira 6.

Bolsonaro voltou a defender a gestão ambiental do seu governo e disse que tratará do tema com o homólogo americano. O discurso ocorreu em palestra à Associação Comercial do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira 8.

“Vamos conversar com ele mostrando o que é o Brasil. Vamos falar sobre insegurança alimentar”, declarou o ex-capitão. “Por que os ataques? O que querem com isso? Desgastar o governo? […] A Amazônia não pega fogo, isso não é fake news“, afirmou, contrariando dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, que apontam a existência de focos de incêndio na Floresta Amazônica.

Bolsonaro mencionou ainda o seu encontro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em fevereiro deste ano, e disse que contará a Biden “o que puder falar” sobre a reunião.

“Assim como não tenho off com a imprensa, não tenho off com chefe de Estado nenhum fora do Brasil.”

O presidente aproveitou o discurso para criticar o Supremo Tribunal Federal por suas decisões contra réus investigados pela disseminação de informações falsas.

Ele chegou a citar a ordem do ministro Alexandre de Moraes contra o Partido da Causa Operária, o PCO, legenda de esquerda que foi incluída ao inquérito das fake news na semana passada.

Bolsonaro relatou que esteve com representantes do aplicativo de mensagens Telegram e que ouviu um temor de banimento das atividades da empresa devido ao caso que envolve o PCO.

“Estão sendo ameaçados de banimento pelo ministro Alexandre de Moraes se não excluírem a página do PCO. O que é o PCO, meu Deus do céu? É ultrarradical, de esquerda. Deixa a página deles lá aberta, pô. Porque chamaram lá o ministro Alexandre de Moraes de skinhead de toga, o que me chamam o tempo todo nas redes sociais?”, questionou.

Bolsonaro aproveitou para chamar o ministro Edson Fachin de “marxista-leninista”, ao se referir à possibilidade de aumento da demarcação de terras indígenas.

Em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário eleitoral, Bolsonaro sugeriu que o petista pode governar o Brasil “com pinga” e comparou as suas críticas às do presidenciável Ciro Gomes (PDT).

“O Ciro Gomes disse que se o Lula ganhar, o Brasil fica ingovernável. Se eu falo isso, já imagina o que ia acontecer comigo, né? Ele tá certo? Tá errado?” indagou. Em seguida ouviu os seus apoiadores dizerem que Ciro está certo.

A pauta das eleições também deve ser discutida por Biden e Bolsonaro, segundo Jake Sullivan, assessor do governo americano citado pela Agência France-Presse. O presidente brasileiro segue levantando suspeitas sobre o sistema eleitoral, sem apresentar provas de fraude.

A futura embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Bagley, já se pronunciou sobre o assunto em favor da realização de eleições livres. Aos senadores americanos, a diplomata disse que o Brasil tem “todas as instituições democráticas” para organizar um pleito justo.

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