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Bolsonaro deve definir realização de “congresso da direita” na Argentina

Reunião de representantes da extrema-direita seria estratégia para enfrentar a esquerda internacional; Argentina terá eleições gerais neste ano

Foto: CHANDAN KHANNA / AFP
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O ex-presidente Jair Bolsonaro e o pré-candidato às presidenciais na Argentina, Javier Milei, manterão na manhã desta quarta-feira (15) uma videoconferência para traçar estratégias que propiciem o retorno da direita ou da extrema-direita ao poder, depois das significativas derrotas no Peru (2021), no Chile (2021), na Colômbia (2022) e no Brasil (2022).

Os dois expoentes da extrema-direita nos seus países vão debater também a possível realização de um congresso da direita na Argentina, país que terá eleições gerais em outubro nas quais as pesquisas indicam uma provável vitória da oposição de centro-direita.

O congresso pretende ainda traçar um caminho de vitória para Bolsonaro, sobretudo depois de Lula dizer em Washington que Bolsonaro jamais voltará à Presidência.

Estratégia para enfrentar a esquerda

“Nesta quarta-feira de manhã, Jair Bolsonaro e eu vamos fazer uma chamada. Basicamente, estamos construindo uma estratégia para enfrentar a esquerda em nível internacional. E uma possibilidade que também estamos elaborando é fazer uma espécie de congresso da direita na Argentina”, revelou o pré-candidato presidencial da extrema-direita argentina, Javier Milei, ao canal de notícias TN.

O economista ultraliberal Javier Milei estará em Buenos Aires, enquanto Bolsonaro estará em Orlando, onde permanece desde o final do ano passado, quando deixou o Brasil para evitar participar da posse do presidente Lula.

A Argentina terá eleições gerais em outubro, para as quais todas as consultorias políticas preveem uma vitória da centro-direita que governou o país entre 2015 e 2019, quando foi derrotada pela esquerda peronista com os candidatos a presidente, Alberto Fernández, e a vice, Cristina Kirchner. O índice de popularidade dos dois hoje não passa de 25%, dificultando uma reeleição na qual Alberto Fernández insiste, apesar dos números.

Superar o peronismo

Javier Milei aposta em conseguir superar o peronismo e chegar a um segundo turno contra a centro-direita, cujo candidato só deve ser conhecido depois das primárias de agosto.

Os candidatos mais cotados dessa centro-direita, segundo as sondagens, são o ex-presidente Mauricio Macri, o atual governador do Distrito Federal, Horacio Larreta, e a ex-ministra da Segurança de Macri, Patricia Bullrich.

Tanto Macri quanto Bullrich gozam da simpatia de Javier Milei.

“Se eu estiver no segundo turno numa disputa contra Mauricio Macri ou contra Patricia Bullrich, significa que conseguimos derrotar a esquerda e que a Argentina se inclinou para o lado correto, independentemente do resultado”, indica Milei.

Em sintonia com os argumentos do chamado bolsonarismo, Javier Milei descarta que tenha havido uma tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro em Brasília, quando milhares de pessoas atacaram os Três Poderes.

“É uma grande mentira que pudesse haver um golpe de Estado. Não pode ser isso. De um lado você tem as Forças Armadas; do outro, pessoas desarmadas. Que os desarmados possam derrotar os armados é estranho. Venderam outra mentira”, minimizou Milei, quem, no entanto, condena o vandalismo e a violência.

“Condeno todos os atos de violência. O liberalismo é o respeito irrestrito ao projeto de vida do próximo, baseado no princípio de não-agressão e em defesa do direito à vida, à liberdade e à propriedade”, destaca.

Fraude eleitoral

Fazendo eco das versões instaladas pelo bolsonarismo sem nenhuma evidência, Javier Milei acusou Lula de reprimir os manifestantes em vez de esclarecer que não houve fraude, numa inversão do ônus da prova.

“Terminemos com a outra mentira. Houve uma eleição muito turva no resultado. As pessoas estiveram durante 70 dias pedindo que esclarecessem as coisas, mas Lula não esclareceu as coisas. Reprimiu. Se ele tinha a verdade do lado dele, devia ter mostrado os dados. Que Lula demonstre que não houve fraude. Lula nunca se preocupou por esclarecer”, acusou Milei.

“Se um jornalista pedisse que a situação fosse esclarecida, era preso. Retiravam a sua página da internet. Não lhe permitiam publicações. Você acha correto que prendam opositores e jornalistas porque pedem que o resultado seja esclarecido?”, questionou Javier Milei, sem esclarecer a qual episódio real se referia.

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