Política

Bolsonaro admite que ouviu pedidos de aliados para ‘sair das 4 linhas’, mas não revela nomes

Na conversa, Bolsonaro também disse que, na sua visão, não será preso ou ficará inelegível, apesar das suspeitas que correm contra ele

Foto: CHANDAN KHANNA / AFP
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu ter ouvido durante o seu governo pedido de aliados no governo federal para que fizesse um golpe de Estado no Brasil. A declaração consta em uma entrevista publicada pela revista Veja nesta sexta-feira 19.

“O que eu fiz desde o começo, e arranjei inimizade por causa disso, foi repetir que ‘nós temos que jogar dentro das quatro linhas’. Muitos diziam que ‘os caras lá estão fora das quatro linhas’. Em muitos casos, estavam mesmo”, iniciou Bolsonaro.

Após a declaração, o ex-capitão foi então questionado sobre quem seriam estes ‘muitos’ que cobravam uma ação de ruptura durante o governo e recuou.

“Se tem alguém, ao meu conhecimento não chegou. Falavam em tom de desabafo. Quando teve o caso do Ramagem, por exemplo, em que o STF impediu a posse dele, alguns, mais nervosos, diziam: ‘Pô, tem que peitar, fazer isso’”, disse, novamente se negando a listar quem seriam estes ‘alguns mais nervosos’.

“Ninguém defendia [golpe], era desabafo de alguns, fora do gabinete. Eles estavam revoltados com essa situação de interferências no Executivo”, insistiu sem, de novo, dar nome aos ‘alguns’.

Na entrevista, Bolsonaro também afirmou não ver possibilidade de ser preso e disse acreditar que não ficará inelegível. Alegou que as acusações contra ele, que o levaram a prestar depoimento em 3 ocasiões diferentes na Polícia Federal, seriam apenas perseguições.

Na conversa, o ex-presidente também afirmou estar bastante incomodado com a quebra de sigilo das conversas de Mauro Cid, seu ajudante de ordens preso pela PF por fraude em cartões de vacinação, e saiu em defesa do antigo auxiliar.

“Quebrar o sigilo de mensagens de um ajudante de ordens do presidente da República é… Vai se ter acesso a 90% da rotina do presidente e também de alguns ministros”, disse.

“Quando se fala em comprometedor, as pessoas pensam logo em dinheiro, em alguma coisa ilícita. Zero, zero. Isso não vai ter. Agora, tem troca de ‘zaps’, em linguagem de ‘zap’, tem palavrão. Há certamente conversas que envolvem segredos de estado. Vazar isso, como tem sido feito, é muito grave”, acrescentou pouco depois de chamar Mauro Cid de ‘seu filho’.

Segundo Bolsonaro, apesar das evidências reveladas pela investigação da PF que apontam ‘plena ciência’ do ex-presidente na fraude cometida pelo ajudante de ordens, ele nunca ‘teve motivos para desconfiar’ do militar.

“Nunca tive nenhum motivo para desconfiar dele, e não quero acusá-lo de nada. Eu tenho um carinho muito especial por ele. É filho de um general da minha turma, considero um filho”, respondeu sobre o tema.

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