Política

Fraude em cartões de vacinas: Bolsonaro diz à PF que Cid cuidava de sua conta no ConecteSUS

As respostas do ex-presidente lançam ainda mais expectativas sobre a oitiva do tenente-coronel, prevista para a próxima quinta 18

Foto: Alan Santos / PR
Apoie Siga-nos no

O ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu, em depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira 16, que o tenente-coronel Mauro Cid administrava sua conta no aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde. Ele alegou, porém, não saber quem controlava o acesso à conta de sua filha Laura.

Na oitiva, Bolsonaro disse não ter ordenado a inserção de dados falsos sobre vacinas no ConecteSUS. O depoimento ocorreu no âmbito da investigação sobre um suposto esquema de adulteração de cartões de imunização que teria beneficiado, entre outros, o ex-capitão.

As respostas de Bolsonaro à PF lançam ainda mais expectativas sobre a oitiva de Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, prevista para a próxima quinta-feira 18. Cid é um dos seis presos na Operação Venire, deflagrada na semana passada.

“INDAGADO se solicitou a MAURO CESAR CID que acessasse o aplicativo ConecteSUS e emitisse o certificado com dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em nome do declarante, respondeu QUE não”, diz um trecho da transcrição do depoimento. Bolsonaro também declarou que se Cid arquitetou o esquema, isso ocorreu “à revelia”, mas alegou não acreditar no protagonismo do militar na fraude.

Informado de que o IP utilizado para acessar o ConecteSUS e emitir o certificado falso pertence à Presidência da República e foi cadastrado no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse não saber quem teria acessado o aplicativo.

“Indagado se Mauro Cesar Cid administrava a conta do declarante no aplicativo ConecteSUS do Ministério da Saúde até a data de 22/12/2022, respondeu que sim, que toda a gestão pessoal do declarante ficava a cargo do ex-ajudante de ordem Mauro Cid.”

Além de Bolsonaro e da filha Laura Bolsonaro, foram emitidos certificados de vacinação com dados falsos em nome de Cid, da esposa dele e das três filhas do casal.

A enfermeira Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, chefe da Central de Vacinação de Duque de Caxias (RJ), afirmou em depoimento à PF ter emprestado sua senha para o secretário de Governo da cidade, João Brecha, apagar os registros de vacinação do ex-presidente dias depois da emissão.

Silva disse ter compartilhado sua senha por não ver “qualquer má-fé” no pedido do secretário e acreditar que a mudança nos dados seria “idônea”.

A informação inserida no sistema em 21 de dezembro de 2022 é de que Bolsonaro teria tomado duas doses de vacina (em agosto e em outubro). Em 22 de dezembro, um certificado de vacinação do ex-capitão foi emitido dentro do Palácio do Planalto. Cinco dias depois, após uma nova emissão, o usuário em nome da servidora apagou o registro do sistema, sob a justificativa de um “erro”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo