Política

Bolsonaristas temem derrotas e encerram sessão da CPI do MST sem votar quebra de sigilo de Stédile

A audiência foi finalizada aos gritos de ‘réulator’, em provocação ao deputado Ricardo Salles (PL-SP), denunciado pelo MPF

O deputado Ricardo Salles, relator da CPI do MST. Foto: Myke Sena/Câmara dos Deputados
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A CPI do MST não votou nesta terça-feira 29 um requerimento para quebrar os sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de João Pedro Stédile, liderança nacional do movimento.

O autor do pedido é o deputado Kim Kataguiri (União-SP). Segundo ele, seria necessário “esclarecer possíveis irregularidades, tais como desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro ou outras atividades financeiras que possam comprometer a integridade das ações do MST”.

A oposição também tentou convocar o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento, o petista Edegar Pretto, mas o requerimento teve 13 votos favoráveis e 13 contrários.

Deputados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro ainda desistiram de tentar convocar o ministro dos Transportes, Renan Filho, mas conseguiram chamar José Rodrigo Marques Quaresma, gerente do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas.

Os requerimentos sobre Renan e Stédile estavam na pauta da sessão, mas, diante do risco de as solicitações serem rejeitadas, a cúpula da CPI decidiu encerrar a audiência. A sugestão partiu do relator, Ricardo Salles (PL-SP), e foi acatada pelo presidente, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS).

Salles citou a possibilidade de retomar a discussão na sessão desta quarta-feira 30.

“Entendemos que os requerimentos neste momento não têm como ser aprovados, uma vez que houve a mudança prevista regimentalmente na composição da CPI. Sugiro o encerramento da sessão e retomada amanhã, se for o caso”, disse o relator.

A reclamação de Salles está ligada a um movimento promovido por partidos do Centrão que levou a trocas na composição da CPI, formando uma maioria favorável ao governo Lula. A oposição espera alterar a correlação de forças até a votação do relatório de Salles.

Diante do desfecho abrupto, deputados gritaram “réulator”, em provocação a Salles. O termo já havia sido utilizado por Sâmia Bomfim (PSOL-SP), em referência à denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal contra o ex-ministro do Meio Ambiente.

A denúncia, recebida pela Justiça Federal do Pará, atinge outras pessoas, entre elas o ex-presidente do Ibama Eduardo Bim.

Salles foi denunciado no processo que investiga a exportação ilegal de madeira para os Estados Unidos. Ele é acusado de criar no Ibama condições favoráveis para a defesa de interesses privados contra o interesse público. Segundo a Polícia Federal, as cúpulas do Ministério do Meio Ambiente e do instituto também manipularam pareceres e documentos.

Pesam contra o bolsonarista acusações de facilitar a prática de contrabando ou descaminho, dificultar ação fiscalizadora do Poder Público em questões ambientais e promover, constituir, financiar ou integrar organização criminosa.

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