Política

Bate-boca entre deputados resulta em suspensão de sessão na CCJ

Em análise de PEC sobre prisão após condenação em 2ª instância, Maria do Rosário (PT-RS) acusou Felipe Francischini (PSL-PR) de machismo

Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
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Um bate-boca entre os deputados Felipe Francischini (PSL-PR) e Maria do Rosário (PT-RS) acabou em suspensão da sessão da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) desta terça-feira 15, na Câmara dos Deputados. O ápice da discussão ocorreu quando Maria do Rosário acusou Francischini de machismo e ele afirmou que a parlamentar “é chata demais”.

Na ocasião, os parlamentares votariam a admissibilidade da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que autoriza a prisão após condenação em 2ª instância. A pauta foi imposta às pressas na comissão após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, agendar para quinta-feira 17 uma votação sobre o tema.

Maria do Rosário acusou Francischini, presidente da comissão, de impedir que lideranças partidárias, como ela, exercessem o direito ao tempo de fala para opinar sobre a matéria. Junto à petista, protestaram os deputados Ivan Valente (PSOL-SP), Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Érika Kokay (PT-DF).

“É a segunda gambiarra da mesa. Eu pedi para falar em nome da liderança antes da ordem do dia, e Vossa Excelência não passou a palavra. É que aqui se trata de aparecer. Aqui se trata de diminuir a Câmara dos Deputados para tentar agradar a milícia virtual”, disse a deputada. “Esta Câmara não pode modificar cláusula pétrea da Constituição. Vossas Excelências estão a serviço de um juiz ladrão, Sergio Moro.”

Talíria também exigiu o direito do deputado Ivan Valente de exercer o tempo de liderança.

“Sabemos que temos divergência no mérito, quanto à possibilidade de modificar um artigo da Constituição, quanto ao método que essa matéria foi colocada de forma abrupta, mas o que não é possível aceitar é o autoritarismo”, disse a parlamentar.

No entanto, Francischini recusou as demandas e afirmou que seguia o regimento corretamente. Sob os protestos da oposição, o deputado governista pediu para que parassem de gritar. “Para de gritar então. Parece que estão matando um bezerro.”

O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), então, pediu tempo de fala e Francischini cedeu. Foi quando Maria do Rosário acusou Francischini de “machismo”, por um homem ter recebido prioridade em exercer o tempo de fala. Em seguida, o presidente reclamou: “Que machismo, deputada? Sério? Você é chata demais, deputada, por favor”.

Os parlamentares da oposição se exaltaram. Francischini continuou: “Tudo é machismo. Toda hora é acusação de que eu sou machista, que eu sou homofóbico, e que não sei o quê”. Talíria se levantou aos berros: “Mas é! Mas é!”. Francischini rebateu: “Ganhe no argumento, ganhe no regimento”.

Maria do Rosário solicitou, então, mais um tempo de fala. Antes que a petista discursasse, Francischini pediu para retirar a expressão “chata”. Mas a deputada prosseguiu.

“Vossa Excelência aprendeu de forma tão ruim com o canalha que está na presidência da República. Vossa Excelência aprendeu com aqueles que batem em professores, com aqueles que jogam cachorros em educadores. Vossa Excelência aprendeu com aqueles que torturam. Vossa Excelência aprendeu com quem a ser projeto de ditador? Vossa Excelência me chama na sua sala e é cheio de mimimi. Pede desculpa, se faz de coitadinho. Vossa Excelência tem sempre um sorriso de coitadinho. Mas quando aparece aqui, desmerece o nosso trabalho. Lamento a sua impostura”, disse a petista, acusando-o de “covarde e infantil”.

Maria do Rosário afirmou ainda que cogita levar o caso ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em seguida, Francischini suspendeu a sessão e se levantou da mesa.

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