Justiça
Barroso ouvirá PGR sobre pedido da PF para Dino relatar a Operação Overclean
Um sorteio designou Kassio Nunes Marques como líder do inquérito no STF


O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, decidiu nesta terça-feira 21 ouvir a manifestação da Procuradoria-Geral da República sobre o pedido da Polícia Federal para que a Corte designe o ministro Flávio Dino como relator do inquérito sobre a Operação Overclean. Atualmente, a relatoria é de Kassio Nunes Marques, definida por sorteio.
Barroso pediu à Secretaria Judiciária informações técnicas sobre a solicitação. Na sequência, enviará a demanda ao procurador-geral Paulo Gonet.
A PF mandou o caso à Corte na última quinta-feira 16 por suspeitar do envolvimento de pessoas com foro privilegiado — o STF é a instância competente para julgar, por exemplo, deputados federais e senadores.
A Overclean visa a desarticular uma suposta organização criminosa envolvida em fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro, inclusive por meio de emendas parlamentares. A Polícia Federal entende que Dino deve ser o relator do inquérito por já ser responsável por outras investigações relacionadas a emendas.
Essa organização é suspeita de movimentar cerca de 1,4 bilhão de reais provenientes de contratos fraudulentos e de obras superfaturadas. Também contava com uma célula de apoio informacional, composta por policiais, com a função de repassar informações sensíveis, incluindo a identificação de agentes federais envolvidos em diligências sigilosas, segundo a PF.
Entre os crimes sob apuração há corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça.
O inquérito policial surgiu após uma notícia-crime da Controladoria-Geral da União listar suspeitas de irregularidades em contratos firmados entre a coordenação do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas na Bahia e a empresa Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda.
Um dos políticos citados na investigação, conforme o jornal O Globo, é o deputado federal Elmar Nascimento (União-BA). A PF encontrou no cofre do empresário José Marcos Moura, apelidado de “Rei do Lixo”, uma escritura de compra e venda de imóvel de uma empresa para o parlamentar.
Primo de Elmar, o vereador de Campo Formoso (BA) Francisquinho Nascimento (União) foi um dos alvos da primeira fase da operação, em dezembro.
A Overclean despertou apreensão em parte do mundo político após a PF apreender 1,5 milhão de reais, além de anotações e planilhas em uma aeronave que ia de Salvador a Brasília, no mês passado.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

STJ admite recurso e manda ao STF ação contra revista por texto sobre Michelle e Jair Bolsonaro
Por CartaCapital
Questionado pelo STF, Nunes diz que demolição de muro na Cracolândia provocaria ‘danos irreversíveis’
Por Wendal Carmo
Associação pede ao STF que ensino a distância seja considerado no Pé-de-Meia Licenciaturas
Por CartaCapital