A suspeita de que integrantes da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, teriam monitorado a promotora Simone Sibílio, responsável por investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), gera “preocupação” e merece ser “apurada com rigor”.
Essa é a avaliação da Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, em comunicado divulgado nesta sexta-feira 26. No documento, a entidade reiterou seu “incondicional apoio” à promotora.
“O fato exige rigorosa apuração, a fim de se afastarem suspeitas ou, caso confirmadas, sejam aplicadas as sanções cabíveis mediante o devido processo legal”, destacou a Associação.
Os alertas sobre o possível monitoramento foram enviados pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal no âmbito da investigação sobre o uso da Abin para espionar desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A suspeita está registrada na decisão do ministro Alexandre de Moraes que autorizou diligências em endereços ligados a servidores e ex-integrantes da Abin. Um dos alvos foi o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), que chefiou a agência entre 2019 e 2022.
“Ficou patente a instrumentalização da Abin, para monitoramento da Promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora Marielle Franco e o motorista que lhe acompanhava, Anderson Gomes”, escreveu o magistrado.
De acordo com o documento, a Controladoria-Geral da União identificou um resumo do currículo da promotora, um documento que “tem a mesma ausência de identidade visual nos moldes dos relatórios apócrifos da estrutura paralela”.
Simone Sibílio esteve à frente das investigações sobre o assassinato de Marielle entre 2018 e 2021, ao lado da promotora Letícia Emile Alqueres Petriz. A dupla deixou o caso em meio a uma reestruturação no Gaeco.
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