Política

Ofensas de Marçal e ‘vidraça’ de Nunes marcam o 1º debate eleitoral em São Paulo

O encontro aconteceu em um cenário de indefinição na disputa pelo comando da capital paulista

Ofensas de Marçal e ‘vidraça’ de Nunes marcam o 1º debate eleitoral em São Paulo
Ofensas de Marçal e ‘vidraça’ de Nunes marcam o 1º debate eleitoral em São Paulo
Foto: Flickr/Renato Pizzutto/Band
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Os cinco principais candidatos à prefeitura de São Paulo participaram do primeiro debate da campanha na noite desta quinta-feira 8, na TV Band. A emissora convidou Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB).

A atração foi marcada pelo destempero de Marçal ao se dirigir a seus adversários, em especial Boulos, Nunes e Tabata. Já os embates mais acalorados do prefeito foram contra Datena – Nunes obteve, em duas ocasiões, direitos de resposta contra o ex-apresentador.

Logo no início, Marçal ligou Boulos a “invasões”, ao falar sobre o Centro da cidade. Na sequência, lançou a primeira ofensa direta contra o concorrente: “Se quiser uma merda de Venezuela… Dá uma olhada naquela cara daquele comedor de açúcar. Esse é apoiador de Hamas, de grupo terrorista”.

Na ocasião, Boulos obteve o primeiro direito de resposta da noite. Já no terceiro bloco, após novamente ser ligado por Marçal a “terroristas”, o deputado se referiu ao adversário como “ladrão de banco” e “psicopata”.

O ex-coach também desferiu ataques contra Tabata, a quem chamou de “adolescente que precisa amadurecer”. Mais tarde, a candidata do PSB criticou bravatas e propostas vazias do oponente. “São Paulo não está precisando de carro voador”, declarou. “É o 0071 goiano que está aqui em São Paulo, que dá solução que não existe.”

Ao longo do debate, Boulos e Tabata mencionaram o áudio publicado nesta quinta pelo jornal Folha de S.Paulo a apontar que o presidente do PRTB, Leonardo Avalanche, afirmou ter relações com integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC.

Como de praxe para candidatos à reeleição, Ricardo Nunes foi alvo preferencial da maioria dos oponentes. Com Datena, porém, ocorreram os embates mais tensos.

O tucano disse que “pelo menos duas empresas de ônibus estão misturadas com o PCC”, em referência a investigações sobre irregularidades nos contratos de transporte público da capital.

“É a pergunta que deixo para o Nunes: se ele teme o crime organizado. Eu não seria venal de dizer que ele pertence ao crime organizado”, acrescentou Datena.

“Datena já foi condenado por imputar crimes a pessoas inocentes”, devolveu o emedebista, após ganhar direito de resposta. “Aqui não é programa de TV, tenha respeito. E vai ganhar mais um processo.”

Posteriormente, na reta final do debate, o tema voltou à baila em uma intervenção de Datena.

“Fui, sim, condenado. Principalmente acusando bandidos que teriam cometido os crimes e que, julgados, foram considerados – alguns – inocentes. Nem toda decisão judicial é justa”, disse. “Se me processar, será uma maravilha. Eu vou pendurar lá no quadro principal da minha casa. É uma honra ser processado por gente como você, que beira a acusação grave de pertencer a organizações que estão resvalando no crime organizado.”

Nesse momento, Nunes ganhou o terceiro direito de resposta. “Precisamos ter respeito com as pessoas, ter o mínimo de respeito. Ele fala uma série de coisas que não têm absolutamente nada. Eu não tenho nenhuma condenação na minha vida.”

No início do debate, Datena e Boulos chegaram a ensaiar uma espécie de “dobradinha”, mas o tucano não hesitou em provocar o adversário, tentando vinculá-lo ao governo de Nicolás Maduro, na Venezuela, e se referindo a ele como “marionete” do presidente Lula (PT).

“Quero saber se você é democrata, porque parece que não é. Quem apoia Maduro e a ditadura da Venezuela… Você devia ser prefeito lá em Caracas”, disse o ex-apresentador. Boulos devolveu: “Pô, Datena, até tu com fake news? De você não esperava. Eu te conheço, sei que você é uma pessoa correta. Vamos fazer um debate de maneira séria”.

Outro momento curioso de Datena ocorreu em sua primeira pergunta: ele se irritou com o mediador do debate, Eduardo Oinegue, por avisar que o tempo havia se esgotado. “Deixa eu responder. Você vai interferir aqui? É essa a sua democracia?”

***

Disputa equilibrada

O cenário da disputa eleitoral é de indefinição, potencializada pela divulgação de três pesquisas de intenção de voto nesta quinta.

Confira os principais resultados de cada uma delas na modalidade estimulada:

Datafolha:

  • Ricardo Nunes: 23%;
  • Guilherme Boulos: 22%;
  • José Luiz Datena: 14%;
  • Pablo Marçal: 14%;
  • Tabata Amaral: 7%;
  • Marina Helena (Novo): 4%;
  • João Pimenta (PCO): 2%; e
  • Altino (PSTU): 1%.

Os demais não chegaram a 1%.

AtlasIntel:

  • Boulos: 32,7%;
  • Nunes: 24,9%;
  • Marçal: 11,4%;
  • Tabata 11,2%;
  • Datena: 9,4%; e
  • Marina: 3,5%.

Os demais não pontuaram.

Paraná Pesquisas:

  • Nunes: 25,1%;
  • Boulos: 23,2%;
  • Datena: 15,9%;
  • Marçal: 12,5%;
  • Tabata: 5,5%;
  • Marina: 3,5%; e
  • João Pimenta (PCO): 1,1%.

Os outros candidatos não atingiram 1%.

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