Política
As sugestões de Ricardo Cappelli à segurança da Presidência após a ‘faxina’ no GSI
O secretário, que comandou interinamente o gabinete, defende centralizar ações de inteligência e a criação de agência de segurança cibernética vinculada ao Planalto
O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a missão de realizar uma “faxina” no Gabinete de Segurança Institucional após a queda do então ministro Gonçalves Dias, flagrado transitando entre golpistas durante a invasão ao Planalto no 8 de Janeiro.
Em quinze dias à frente do GSI, ele dispensou quase 90 servidores do órgão. Um relatório foi apresentado a Lula durante almoço com o Alto Comando do Exército na quarta-feira 3, no qual o petista confirmou a escolha do general Marcos Antônio Amaro dos Santos para a chefia do GSI.
“Durante esse 15 dias, apresentei o panorama e algumas opiniões que considero importantes”, disse ele a CartaCapital nesta sexta-feira 5, durante o programa Direto da Redação.
O diagnóstico, segundo Cappelli , traz três pontos principais a serem considerados por Lula:
- a reavaliação sobre a função do GSI;
- a consolidação dos serviços de inteligência em um só comando;
- a criação de uma agência cibernética vinculada ao Palácio do Planalto.
“Hoje a segurança do presidente e do vice está fragmentada. Uma parte é feita pela Polícia Federal, outra pelas Forças Armadas, por militares do GSI, e me parece que isso não é o melhor caminho”, explica. “Estruturas relacionadas à seguranças geralmente o ideal é ter unidade de comando, e não duplo comando como existe.”
O secretário sugere que o governo avalie unir as diferentes instâncias de inteligência em uma agência ou coordenação central, com o objetivo de sistematizar as informações levadas ao presidente da República.
Ele ressaltou ainda a importância de a segurança cibernética ficar vinculada a uma agência própria, responsável por prevenir, antecipar e regular o ambiente digital no País.
PL das Fake News
Cappelli também defendeu a regulação das redes sociais conforme prevê o PL das Fake News. A votação do texto foi adiada pela Câmara mas, como mostrou CartaCapital, o Supremo Tribunal Federal avança para julgar ações que ampliam a possibilidade de punir plataformas por conteúdos falsos ou alusivos à violência.
“A ofensiva das big techs só reforça a importância do PL 2630 [conhecido como PL das Fake News] e de regular essa atividade no Brasil. Esse episódio [o Google estampar em sua página um artigo contra o PL] demonstrou o poder que as corporações têm, inclusive no sentido de privilegiar opiniões de acordo com seus interesses comerciais, financeiros, ideológicos”, destacou. “Minha impressão é que a regulação das redes sociais é um caminho sem volta e de uma forma, ou de outra, isso acontecerá.”
O ex-ministro interino do GSI ainda reconheceu que houve “falhas” na comunicação entre as autoridades do Distrito Federal, mas rejeitou a ideia de responsabilizar o general Gonçalves Dias por conta das imagens em que ele aparece.
A íntegra da entrevista está disponível no YouTube, assista:
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