Política

As mentiras de Bolsonaro sobre os gastos com cartões corporativos, segundo deputado

De acordo com Elias Vaz, para justificar os altos valores, o ex-capitão usa gastos que não são computados no cartão da presidência

Foto: EVARISTO SA / AFP
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Após pedir agilidade ao ministro Antonio Anastasia, do Tribunal de Contas da União, em processo de auditoria sobre os gastos do presidente Jair Bolsonaro com cartões corporativos, o deputado federal Elias Vaz (PSB-GO)  vai acrescentar nesta semana novas informações à petição.

De acordo com o parlamentar, Bolsonaro mentiu ao afirmar que o alto valor é em decorrência de despesas das viagens que faz com sua comitiva.

“O presidente tem alegado que o gasto do cartão é alto [respondendo reportagem do Globo, que citou mais de R$ 30 milhões nos últimos três anos] porque precisa viajar com comitiva, com guarda-costas. Bolsonaro usa lorotas para justificar o injustificável. A verdade é que os gastos dessa comitiva não são computados no cartão da presidência e sim nos cartões da Abin ou do GSI”, diz o deputado.

Em conversa com apoiadores na segunda-feira 7, o presidente reconheceu os valores, mas tentou justificar.  “Meu gasto é grande, sim. Amanhã e quarta eu vou gastar uns 300 mil no cartão corporativo, com duas viagens ao Nordeste. Quase tudo aqui é financiado com cartão corporativo. Eu posso ir ao Nordeste com dois seguranças? Não, eu tenho que ir com 50”, afirmou o ex-capitão a seus militantes. “Combustível, alimentação do pessoal, pedágio”.

Segundo Vaz, somados, os cartões da presidência, da Agência Brasileira de Inteligência e do Gabinete de Segurança Institucional ultrapassam a marca de 52, 9 milhões de reais. “Cai por terra essa explicação fajuta de ter que bancar guarda-costas”, avalia.

No documento, o deputado aponta que, ao longo de 2021, a presidência gastou mais de 4,5 milhões de reais com diárias destinadas a militares que integraram as comitivas de Bolsonaro e do vice-presidente, Hamilton Mourão.

As despesas, diz Vaz, não são pagas com cartão corporativo, já que o próprio agente realiza o pedido e a prestação de contas pelo Sistema de Concessão de Diárias e Passagens do Governo Federal (SCDP) e recebe o dinheiro em sua conta bancária.

Bolsonaro já gastou 29,6 milhões de reais, montante cerca de 19% superior ao registrado pela ex-presidenta Dilma Rousseff e por Michel Temer entre 2015 e 2018, conforme revelou o jornal O Globo.

Somente em 2021, as despesas chegaram a 11,8 milhões de reais, o maior valor dos últimos sete anos. Em dezembro, os cartões exclusivos da família presidencial foram usados em compras que somaram 1,5 milhão de reais, valor mais elevado para um único mês dos três anos da atual administração.

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