Política

As divergências entre Haddad e Gleisi no ajuste das contas públicas

A presidenta nacional do PT defende uma postura mais flexível quanto ao déficit do governo; ministro persegue o déficit zero

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, divergiu da presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, sobre a condução da política para ajuste das contas públicas.

Os dois participaram da mesa “A política econômica do governo Lula: feitos e perspectivas para o próximo período”, neste sábado 9, durante o segundo dia da Conferência Eleitoral do PT, em Brasília.

Gleisi defende um déficit de 1 a 2% nas contas públicas e defende que o País tenha crescimento econômico com base em políticas fiscais de mais gastos públicos, como investimentos em infraestrutura e em políticas sociais.

“Eu acho, sinceramente, e já tinha falado com Haddad e com o presidente [Lula], que a gente não devia se preocupar com o resultado fiscal do ano que vem, não tinha mesmo. Para mim, faria um deficit de 1%, de 2% [do PIB] […] Não podemos deixar a economia desaquecer. Não podemos ter contingenciamento no nosso Orçamento, nem de investimento, nem nos programas sociais. Isso que vai dar condição de a gente colocar a economia no eixo”, disse Gleisi.

A presidenta nacional do PT disse ainda que um bom resultado econômico seria fundamental para a manutenção do PT no poder, já que uma deterioração no cenário poderia impactar a popularidade de Lula e fazer o Congresso, mais conservador, ‘engolir o governo’.

Haddad, por sua vez, manteve a posição de zerar o déficit das contas públicas em 2024, o que faz necessário um aumento de arrecadação da ordem de 168 bilhões. O ministro avaliou que déficit nas contas públicas, com um maior volume de gastos, não indica, necessariamente, que a economia irá crescer.

“As coisas não são automáticas. Nos oito anos de governo do presidente Lula, tivemos superávit primário de 2%. A economia cresceu 4%. Não é verdade que o déficit faz [a economia] crescer. De dez anos para cá, a gente fez R$ 1,7 trilhão de déficit. E a economia não cresceu. Não existe essa correspondência, não é assim que funciona a economia”, afirmou Haddad.

Ainda de acordo com o ministro, não há “bala de prata” para resolver os problemas econômicos do país. “A gente precisa organizar melhor o Orçamento, precisa pactuar melhor o Orçamento. Não é só colocar o quanto gastar, é no que gastar. Uma coisa é você duplicar uma estrada para diminuir o custo de produção, gerar emprego. Você tem que melhorar a qualidade do sistema público no Brasil. Se perdeu a noção de para onde vai o dinheiro”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo