Justiça
Arthur do Val e coordenadora do MBL se tornam alvo de notícia-crime por sátira sobre João Guilherme
Advogado William Callegado apontou discurso LGBTfóbico em vídeo sobre as roupas do ator
O ex-deputado estadual de São Paulo Arthur do Val, o “Mamãe Falei”, e a coordenadora nacional do Movimento Brasil Livre, Amanda Vettorazzo, tornaram-se alvo de uma notícia-crime no Ministério Público de São Paulo por declarações sobre o ator João Guilherme Ávila, filho do cantor Leonardo.
Na representação, o advogado e ativista William Callegaro aponta “falas preconceituosas e criminosas” em um vídeo no qual Arthur do Val e Amanda Vettorazzo comentam a vestimenta do artista. Segundo o autor da peça, houve prática de LGBTfobia nas declarações.
Na ocasião, Do Val se refere a João Guilherme com o termo “mãozinha” e dá gargalhadas, enquanto Amanda diz não gostar de “homem meio bicha” e chama o comportamento de “ridículo”.
O vídeo foi publicado nas redes sociais em 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBT+.
“O discurso dos Noticiados foi acompanhado da conduta de reagirem a um vídeo do ator João Guilherme, enquanto riam, debochavam, ofendiam e satirizavam as ações, movimentações e atuação do ator, atribuindo-lhe adjetivos pejorativos, reações sarcásticas e claramente homofóbicas”, argumenta o autor da peça.
Callegaro registra que João Guilherme se declara heterossexual, mas que o vídeo tem o propósito de “satirizar a figura do homem gay afeminado em pleno Dia Internacional do Orgulho LGBT+”.
Para o advogado, a prática pode ser entendida como passível de punição a partir do entendimento do Supremo Tribunal Federal que classificou a prática LGBTfóbica como crime.
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Procurado, Arthur do Val, que teve o mandato cassado em São Paulo por declarações sexistas contra mulheres ucranianas, disse que não mudará a sua postura.
“Não temos ciência da ação. Ressaltamos que esse tipo de represália é comum; alguns adversários políticos sempre tentam nos intimidar com denúncias infundadas. Não mudaremos a nossa postura”, diz nota.
Já Amanda Vettorazzo, que é suplente do União Brasil na Alesp, classificou a ação como “oportunismo”.
“Não tenho ciência da ação, mas parece oportunismo de ativistas sem relevância. A minha concepção é que homem de cropped não me atrai e que homem se veste como homem. Se o homem é gay, não há o menor problema, super apoio. No entanto, é inadimissível que seja tirado de mim, enquanto mulher, o direito de criticar o look“, afirma.
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