Política
Após veto no Congresso, clã Bolsonaro faz mais de 20 posts pró-armas
Presidente e seus pupilos fazem campanha na web para gerar urros populares contra decisões dos parlamentares
Após duas derrotas impostas pelo Congresso no decreto de flexibilização do porte de armas – na terça-feira 18 o plenário do Senado aprovou parecer que o suspende, seguindo a votação da CCJ que também o rejeitou – a família Bolsonaro se une nas redes sociais para buscar convencimento sobre a pauta. Jair Bolsonaro e seus filhos Carlos, Eduardo e Flávio somam mais de 20 publicações nas redes sociais nas quais abordam o perigo de não armar o “cidadão de bem”.
As estratégias são das mais variadas, todas a favor da legítima defesa, com um tom de inconformismo.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro “protestou publicando o vídeo de uma criança armada, cantando uma música que enaltece o tráfico de drogas. Em nenhum momento ele se atentou que o Brasil possui uma lei que protege crianças e adolescentes. O ECA, em seu artigo 247, proíbe divulgar, sem autorização devida, algo relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional.
O vereador Carlos Bolsonaro, por sua vez, apelou para fotos de bandidos armados, o que lhe rendeu uma punição do Facebook. A rede social entendeu que o conteúdo violento inflige os padrões da comunidade. A punição será ficar sete dias sem fazer comentários.
Apesar disso, o tema voltou a aparecer em sua página e ele se vangloria de ter outros administradores que permitem que ele “exponha as verdades que tentam omitir”.
Enquanto o embate em torno da política não cessa – o documento que susta o decreto de Bolsonaro retorna à Câmara e ainda passará por uma nova votação, sem data prevista -, Eduardo, Flávio, Carlos e Jair seguem suas estratégias de convencimento. Veja alguns desses momentos:
Eduardo Bolsonaro
-V. Exª votou contra o decreto de armas?
-Sim.-Mas V. Exª anda com seguranças armados…
-Mas os seguranças são bem treinados, tem preparo.-E eu que não posso pagar por segurança armado?
-Você que se dane.— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) 19 de junho de 2019
Será que os senadores votariam a favor de uma lei que desarma seus próprios seguranças?
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) 19 de junho de 2019
Aguardando por novas cenas de bandidos matando cidadãos indefesos iguais a porcos.
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) 19 de junho de 2019
O acesso às armas não é uma medida de segurança pública, é a garantia do direito à legítima defesa. Afirmar que isso tira a responsabilidade do Estado é como dizer que ter um extintor tira a responsabilidade dos bombeiros com a sociedade.
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) 19 de junho de 2019
Bandidagem deve estar como hoje né? pic.twitter.com/KIcL3jJUmo
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) 19 de junho de 2019
Carlos Bolsonaro
A derrota não foi do governo… sem problema algum! A derrota foi dos brasileiros! Deus proteja essa nação! pic.twitter.com/g0C03Kn1Uf
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 19 de junho de 2019
Flávio Bolsonaro
O Brasil é recordista mundial de homicídios cometidos com arma de fogo. É inacreditável como alguns ainda defendem o modelo falido que nos levou até essa vergonha – aí incluída toda a restrição ao cidadão ordeiro de ter uma arma para se defender. Os marginais agradecem!
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) 19 de junho de 2019
Senado acaba de aprovar, por 47 a 28, projeto de decreto legislativo totalmente inconstitucional para sustar os efeitos do decreto de Bolsonaro, que garante o direito individual dos brasileiros, que cumpram as exigências legais, de comprar arma de fogo para legítima defesa. pic.twitter.com/Fr9cT6yyQf
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) 19 de junho de 2019
Jair Bolsonaro
Quem deixa de ter acesso a armas de fogo com leis de desarmamento, o cidadão que quer apenas se proteger ou o criminoso, que, por definição, não segue as leis? O direito à legítima defesa não pode continuar sendo violado! Nem todo mundo possui condição de ter seguranças armados.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 19 de junho de 2019
– Por 47 a 28, o Senado derrota nosso Decreto sobre CACs e Posse de Armas de Fogo. Esperamos que a Câmara não siga o Senado, mantendo a validade do nosso Decreto, respeitando o Referendo de 2005 e o legítimo direito à defesa.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 19 de junho de 2019
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