Após mudanças na Câmara, Senado aprova em 1º turno a PEC da Transição

Devido a alterações no texto avalizado pelos deputados, os senadores tiveram de analisar novamente a matéria

O Senado durante a segunda votação da PEC da Transição. Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

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O Senado aprovou em primeiro turno na noite desta quarta-feira 21, pela segunda vez, a PEC da Transição, proposta que eleva o teto de gastos a fim de que o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) possa pagar em 2023 o Bolsa Família de 600 reais e garantir mais 150 reais por família com criança de até 6 anos.

Foram 63 votos a favor da proposta e 11 contrários.

Horas antes, o texto havia sido aprovado pela Câmara por 331 votos a favor e 163 contra. Como os deputados promoveram mudanças significativas, os senadores tiveram de votar a matéria novamente.

O texto chancelado nesta quarta é uma versão “desidratada” em comparação com a redação que passou pelo Senado em 7 de dezembro. Estabelece, por exemplo, que a PEC durará apenas um ano, enquanto a versão aprovada inicialmente pela Casa Alta vigoraria por dois anos.

Os valores, porém, foram mantidos. A proposta autoriza a ampliação do teto em 145 bilhões de reais para viabilizar o Bolsa Família e outros programas. Determina, ainda, que o governo Lula envie ao Congresso até o fim de agosto a proposta de uma nova âncora fiscal a substituir o teto de gastos.

Ela também permite o uso de até 23 bilhões de reais em investimentos fora do teto, a partir de recursos originários de excesso de receita. A autorização vale já para 2022.


O governo de Jair Bolsonaro (PL) enviou ao Parlamento uma previsão de apenas 105 bilhões de reais para o Auxílio Brasil – que será substituído pelo Bolsa Família – em 2023, um montante que só comportaria o pagamento de cerca de 405 reais mensais a cada beneficiário.

Antes da votação em segundo turno na Câmara, os deputados rejeitaram um requerimento do Novo que tentava suprimir do texto a previsão de envio de um novo arcabouço fiscal via Projeto de Lei Complementar. O objetivo do partido era forçar o novo governo a enfrentar o tema por meio de uma nova PEC, cuja aprovação é mais complexa.

Há, ainda, outros aspectos que vão além dos programas sociais e da recomposição orçamentária. A PEC também abre caminho para o Congresso Nacional remanejar os 19,4 bilhões de reais previstos no ano que vem para as emendas de relator. Trata-se do montante conhecido com orçamento secreto, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

9,7 bilhões de reais serão “transformados” em emendas individuais impositivas – ou seja, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será obrigado a executá-las. A outra metade estará sob controle da gestão federal, que deverá distribui-la entre os ministérios.

Nessa linha, o relatório do deputado Elmar Nascimento (União-BA) – chancelado pelo Senado – eleva os recursos no Orçamento para as emendas individuais, à disposição de cada parlamentar. O aumento é de 1,2% para até 2% da receita corrente líquida.

A ideia é que cada deputado tenha 32,1 milhões de reais e cada senador disponha de 59 milhões em emendas individuais em 2023.

As emendas de relator se tornaram uma espécie de moeda de troca entre o governo federal e o Congresso Nacional, já que não precisam ser distribuídas de forma igualitária entre os parlamentares. Assim, o Planalto contempla deputados e senadores aliados com verbas além daquelas a que eles têm direito. O mecanismo foi utilizado por Jair Bolsonaro (PL) para angariar apoio em votações importantes, em uma prática que ficou conhecida no meio político como “toma lá, dá cá”.

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