Justiça

Anderson Torres e general acusado de proteger golpistas teriam se encontrado antes do 8 de Janeiro

O militar, chefe da Unidade de Segurança do Planalto, teria se colocado entre a Polícia Militar e os bolsonaristas para impedir o desmonte dos acampamentos golpistas

Registro dos atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. Foto: Sergio Lima/AFP
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O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres e Gustavo Henrique Dutra de Menezes, general do Exército que chefiava a unidade de segurança do Planalto, teriam se encontrado 48 horas antes dos ataques golpistas de 8 de Janeiro em Brasília. 

A informação é do portal Metrópoles. Segundo o site, a reunião foi realizada no dia 6 de janeiro, na sede da Secretaria de Segurança Pública. Não há registro de ata da reunião ou informação sobre o assunto tratado pela dupla. 

No mesmo dia, Anderson Torres adiantou suas férias e viajou para os Estados Unidos, após exonerar funcionários da inteligência da Secretaria de Segurança do DF. 

Segundo denúncias colhidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Legislativa do DF, o general Dutra teria sido responsável por impedir que fossem tomadas ações contra os golpistas que estavam acampados em frente ao quartel do Exército na capital. 

Relatos feitos na Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal indicam ainda que o general teria protegido os bolsonaristas citados na CPI. 

Um dos ouvidos, o coronel da PMDF Jorge Eduardo Naime, narrou um dos momentos em que Dutra teria contrariado ordens do STF e impedido a desmobilização do acampamento golpista. 

“Olhei para trás e vi uma tropa de choque montada [na área do QG], com blindados, mas voltados para a PM, protegendo o acampamento. Nisso, chega o general Dutra e começa a discussão com [Ricardo] Cappelli. O interventor dizia que tinha ordem para entrar, mas Dutra ficava dizendo que não iria. O Cappelli insistindo que ia prender quem estava lá e ele negando. Em determinado momento, Dutra pegou um telefone e ligou, disseram que ligou para o presidente Lula”, contou Naime.

As oitivas apontam também que Dutra não só teria impedido o desmonte dos acampamentos, como feito ameaças aos agentes da Polícia Militar que cumpriam ordens. 

Depoimentos de bolsonaristas acampados reforçam que o Exército colaborava para a manutenção dos acampamentos. 

Torres e Dutra foram convidados a depor na CPI dos atos golpistas na Câmara Legislativa do DF. Intimado, Torres, que continua preso, negou o requerimento. O general Dutra ainda não se manifestou.

Além de Dutra, Torres também se encontrou com o então comandante-geral da Polícia Militar do DF, coronel Fábio Augusto Vieira, em 3 de janeiro. Ambos foram presos após os atos golpistas por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. 

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