Aliança com o PSD no Rio, vice de Ciro Gomes e conversas com Kassab: o que diz o presidente do PDT

Na disputa pelo governo fluminense, Rodrigo Neves e Felipe Santa Cruz caminharão juntos; resta definir a ordem na chapa

Na foto, Carlos Lupi, o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves, Eduardo Paes e o ex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz. Foto: Reprodução/Redes Sociais

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PDT e PSD concretizaram, na última quarta-feira 2, uma aliança para a eleição ao governo do Rio de Janeiro. O presidente pedetista, Carlos Lupi, se reuniu com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD) – do encontro, saiu a confirmação de que os pré-candidatos Rodrigo Neves (PDT), ex-prefeito de Niterói, e Felipe Santa Cruz, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, caminharão juntos.

A decisão sobre quem ocupará a cabeça da chapa e quem será o vice, porém, ainda não foi tomada.

“Vamos ter uma unidade entre os dois partidos. Pode ser o Rodrigo, pode ser o Felipe, vamos discutir lá na frente. Mas já batemos o martelo em torno da candidatura única”, disse Lupi a CartaCapital. Ele entende que a candidatura PDT/PSD pode ser mais competitiva que a do deputado Marcelo Freixo (PSB), que deve receber o apoio do ex-presidente Lula (PT).

“Paes é prefeito do Rio pela 3ª vez, isso pega 40% do eleitorado. O Rodrigo Neves foi um prefeito bem avaliado, fez o sucessor, saiu com 80% de aprovação de Niterói, do lado do 2º maior colégio eleitoral. E o Felipe Santa Cruz é um homem que vem da OAB, com relevantes serviços prestados à democracia. Agora, a gente está em busca de uma aliança que amplie para a Baixada Fluminense. Se a gente conseguir essa ampliação, é uma candidatura vitoriosa com certeza“, projetou Lupi.

PDT quer o PSD com Ciro

Os principais candidatos à Presidência da República gostariam de contar com o apoio do PSD, e não é por acaso. Os pessedistas têm a 5ª maior bancada da Câmara, com 35 deputados. Além disso, a influência do presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, pode ser decisiva para facilitar a famigerada governabilidade de uma gestão federal.


A aliança entre PDT e PSD no Rio de Janeiro, no entanto, não antecipa necessariamente uma coligação nacional. O PSD lançou oficialmente a pré-candidatura ao Planalto do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), que não passa de 1% nas pesquisas de intenção de voto. Em declarações públicas, Kassab tem reforçado a disposição de manter a candidatura própria, mas a decisão caberá ao senador.

Questionado se espera contar com o apoio do PSD, Lupi disse ter “cuidado para não ferir a autonomia” da sigla, mas frisou ter “um excelente diálogo com Kassab” – de quem Ciro, inclusive, é amigo pessoal.

“Acho que só vai se decidir isso lá na frente, nos prazos fatais. Mas a esperança eu tenho”, afirmou Lupi.

As pesquisas e o vice

Levantamento PoderData divulgado na última quarta-feira 2 mostra que Lula mantém o favoritismo para as eleições presidenciais, com 41% das intenções de voto no 1º turno, seguido por Jair Bolsonaro (PL), com 30%.

Na chamada 3ª via, Ciro e Sergio Moro (Podemos) aparecem empatados, com 7% cada. O pedetista cresceu 4 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, conduzida entre 16 e 18 de janeiro.

“Pesquisa é fotografia de cada momento. Não acredito que o Ciro tenha 7%. Em tudo que a gente avalia, o Ciro sempre parte de 10%, 11%, praticamente o que ele teve em 2018. Deu uma crescida boa com esse lançamento da candidatura dele na pré-convenção”, avalia Lupi. “Penso que a candidatura do Moro tá natimorta, enfraquecida. O Doria (PSDB) não consegue avançar. Há um campo muito fértil para o Ciro avançar.”

O presidente do PDT diz que o nome do vice de Ciro ainda não foi definido e que isso dependerá das alianças costuradas. Afirmou, no entanto, ter “um perfil” em mente.

“A gente gostaria que fosse de São Paulo ou Minas e de preferência uma mulher. Ou um nome notório, conhecido, no caso da Marina Silva. Depende de quem estiver aliado. Marina é uma possibilidade, se a Rede fechar conosco.”

A articulação com a Rede Sustentabilidade, porém, não é simples. A legenda está dividida em relação ao pleito presidencial: entre as alas, há a que defende o apoio a Lula no 1º turno e a que prega uma aliança com Ciro, com a possibilidade de ocupar a vice na chapa pedetista.

Em 21 de janeiro, o senador Randolfe Rodrigues (AP), um dos principais expoentes da Rede, se reuniu em São Paulo com Lula.

Randolfe compartilhou um registro do encontro nas redes sociais e afirmou que a conversa “teve como objetivo discutir o futuro do Amapá e do Brasil”.


“Os tempos sombrios que estamos vivendo precisam ser superados. E, para isso, temos que unir forças em favor do povo brasileiro”, completou o senador.

Além disso, a Rede negocia uma federação com o PSOL. A se concretizar a aliança, aumentam as chances de apoio ao PT, já que essa é a sinalização majoritária entre os psolistas.

Na quarta 2, o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, publicou nas redes sociais: “Conversei agora com a ex-ministra Marina Silva sobre o diálogo entre Rede e PSOL para a formação de uma federação partidária. Reafirmamos a importância da parceria que nossos partidos construíram na luta contra os retrocessos dos últimos anos. Esse é o alicerce da nossa unidade”.

A tendência de que o PSOL apoie Lula já no 1º turno foi confirmada a CartaCapital em janeiro pelo pré-candidato da sigla ao governo de São Paulo, Guilherme Boulos.

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