Política

Além dos mandantes, delação de Lessa traz possível motivação para o assassinato de Marielle

Caso pode ter ligações com a exploração imobiliária da milícia da zona oeste do Rio de Janeiro, segundo informa o jornal O Globo, que teve acesso ao trecho da colaboração premiada do ex-policial

Marielle Franco. Foto: Dayane Pires/CMRJ
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A expansão e exploração imobiliária conduzida por milícias na zona oeste do Rio de Janeiro pode ter sido a motivação para o assassinato da vereadora Marielle Franco.

Segundo informações da colunista Bela Megale, do jornal O Globo, o ex-policial militar Ronnie Lessa teria detalhado à Polícia Federal como a vereadora entrou em rota de colisão com a defesa da expansão de terrenos que abastecem um grupo ligado à milícia na cidade.

Essa suposta relação, aponta a colunista, teria sido apontada a Lessa pelos mandantes do crime durante a reunião de contratação para o atentado.

A delação do ex-PM foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, nesta terça-feira 19. Logo após a formalização do acordo, os advogados de Lessa abandonaram o caso.

Lessa já teria prestado ao menos dois depoimentos no âmbito do acordo. As acusações foram, por meses, checadas pela PF, que cruzou também informações fornecidas pelo ex-policial com a delação de Élcio de Queiroz, outro ex-militar envolvido no crime.

Nessas oitivas, além da motivação para matar a vereadora, Lessa teria apontado os mandantes do assassinato. Os trechos da delação ventilados até aqui pela imprensa apontam para um envolvimento do clã-Brazão, liderado pelo ex-deputado e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, Domingos, e seu irmão, o deputado federal Chiquinho.

Como a vereadora teria entrado no radar dos criminosos?

A expansão e exploração imobiliária é hoje um dos principais interesses do crime organizado no Rio de Janeiro. Dados da prefeitura mostram que, entre 2021 e 2022, mais de 1.300 construções irregulares ligadas a milícia foram demolidas. A destruição dos imóveis teria causado, segundo estes cálculos, um prejuízo de 646 milhões de reais para os milicianos.

Há suspeitas de que Marielle tenha entrado no radar da milícia ao se opor ao uso de um terreno em Jacarepaguá. Os milicianos, patuavam para que a área não atendesse os interesses sociais e fosse usada para especulação imobiliária. A ideia do grupo era retomar a exploração de construções irregulares para conter o prejuízo citado.

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