Justiça

Além de Jordy: entenda o que pesa contra outros alvos de operação da PF autorizada por Moraes

A PGR avaliou que quatro alvos de Moraes não deveriam sofrer busca e apreensão, mas o ministro autorizou as diligências

O ministro do STF Alexandre de Moraes. Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF
Apoie Siga-nos no

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra 10 pessoas na 24ª fase da Operação Lesa-Pátria, deflagrada nesta quinta-feira 18 pela Polícia Federal.

O principal alvo é o deputado federal bolsonarista Carlos Jordy (PL-RJ), líder da Oposição na Câmara.

A decisão de Moraes também atingiu Raquel Nunes Barboza, José Maria Mattar, Juliana Machado Ribeiro, Luiz Eduardo Campos de Oliveira, André Luis Santos Carneiro, Neide Mara Gomes Palmeira, Charles Adriano Siqueira de Souza, Leonardo Loureiro Ferraz e Lucia Maria dos Santos.

Outra peça central no despacho é uma figura que mantém “fortes ligações” com Jordy. Trata-se de Carlos Victor de Carvalho, vereador suplente na Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes (RJ) e servidor da Assembleia Legislativa do Rio. Ele seria uma liderança dos movimentos de extrema-direita no município, onde organizaria atos ilegais.

Além de Carvalho, a PF mirou outras lideranças locais que teriam organizado “eventos criminosos”, a exemplo de bloqueios de rodoviais, acampamentos golpistas em frente a quartéis do Exército e o ataque de 8 de Janeiro.

Aqui, há uma menção a Raquel Nunes Barboza, conhecida como “Quelzinha”, que teria organizado ônibus para a participação de golpistas na depredação das sedes dos Três Poderes.

A PF citou uma conversa entre Raquel e um indivíduo identificado como Daniel Pessanha a respeito da provisão de alimentos e insumos para os bolsonaristas acampados em torno do quartel do Exército em Campos. Raquel teria, segundo a corporação, assumido a liderança do grupo.

O que pesa contra outros alvos de busca e apreensão:

– José Maria Mattar: teria usado um canal no YouTube para propagar fake news e incitar a prática de crimes, como os de 8 de Janeiro e a tentativa de homicídio por parte de Roberto Jefferson contra policiais. Ele teria dito em uma gravação, ao exaltar o ex-deputado: “Vem me pegar. Se eu estou armado, eu meto bala, meu amigo, não quero nem saber”. Em outro trecho, de acordo com a PF, Mattar indicou fazer parte do mesmo grupo de Pessanha.

– Juliana Machado Ribeiro: a PF diz ter identificado a participação dela nos atos criminosos a partir de uma conversa com Carlos Victor de Carvalho, em 3 de novembro de 2022, via WhatsApp.

– Luiz Eduardo Campos de Oliveira: em um grupo chamado “Direita Campos Oficial 2”, teria remetido uma convocação para o fechamento de rodovias após a eleição de 2022.

– Charles Adriano Siqueira de Souza: conhecido como “Charles Piu Piu”, foi preso na primeira fase da Operação Lesa-Pátria. Segundo a PF, ele admitiu que esteve nos atos de 8 de Janeiro e divulgou nas redes sociais uma convocação para o bloqueio de rodovias. Também teria ajudado a levantar recursos para os atos golpistas.

– Lucia Maria Caxias dos Santos: conhecida como “Lucia Banerj”, participou dos acampamentos em frente ao Exército e disse nas redes sociais que iria a Brasília. Para a PF, o mais grave é um diálogo que reforça a tese de que Lucia participou de fato do 8 de Janeiro. Em uma conversa por áudio com “Júnior Bombeiro”, ela disse:

“Oi, Júnior. Tudo bem? Com certeza, meu filho, com certeza. E eu vou presa a qualquer momento (risos). porque eu tô no meio do pessoal organizando. Pessoal do agro lá de Goiânia. dos arredores de Brasília e tudo. O agro botou aí um apoio aí pra três mil ônibus. Não sei como que eles vão sair. Pessoal tá combinando de chegar diversos horários assim pra não… né? Tem gente que vai chegar de madrugada, tem gente que vai chegar… Mas o negócio tá grande. O negócio tá grande, tá? Tá bonito”.

Todos os alvos da operação desta quinta, de acordo com Alexandre de Moraes, apresentaram condutas que “ocorreram no contexto dos atos golpistas ocorridos na Esplanada dos Ministérios em 8/1/2023, com destruição dos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e, com muito mais raiva e ódio, do Supremo Tribunal Federal”.

A Procuradoria-Geral da República avaliou que quatro alvos de Moraes não deveriam sofrer busca e apreensão: Juliana Machado da Silva Ribeiro, André Luís Santos Carneiro, Neide Mara Gomes Palmeiras e Leonardo Loureiro Ferraz. Na avaliação do órgão, não havia nos autos indícios suficientes para a execução das medidas. O ministro do STF, porém, autorizou as diligências da PF contra o grupo.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo