Política

Além da compra de imóveis, Flávio gastou outros R$ 3 milhões em dinheiro vivo, revela site

O senador usou o dinheiro em espécie para pagar contas, salários de funcionários e até impostos; sua loja de chocolates também fazia depósitos em números atípicos

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
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O senador Flávio Bolsonaro movimentou 3 milhões de reais em dinheiro vivo, conforme revela a quebra de sigilo obtida pelo Ministério Público e revelada pelo site UOL nesta segunda-feira 19. O montante se soma aos 16 imóveis comprados parcialmente com volumes em espécie pelo político.

Os valores movimentados pelo filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo a quebra de sigilo, eram usados para pagar contas pessoais, salários de funcionários, impostos e até doações para sua mãe, que superam os 700 mil reais. Entra na conta ainda uma série de depósitos em dinheiro vivo, mas não identificados, feitos pela loja de chocolates do senador.

A suspeita é que a empresa seria um dos meios usados por Flávio para lavar o dinheiro do esquema de rachadinha, no qual ele é acusado de ficar com parte do salário dos seus funcionários. Só no primeiro ano de funcionamento, os depósitos em dinheiro vivo chegaram a quase 45% do pagamento em cartão. A cifra do volume movimentado em espécie na loja é de 1,7 milhão de reais, algo apontado como atípico pelos investigadores.

A investigação revelada pelo site aponta ainda que o senador seria chefe de uma organização criminosa montada em seu próprio gabinete enquanto era deputado estadual pelo Rio de Janeiro. A suspeita é de que os crimes cometidos ali movimentaram mais de 6,1 milhões de reais.

Há ainda, segundo o site, despesas de Flávio pagas pelos seus funcionários em dinheiro vivo. A identificação das movimentações pelo MP-RJ, nesses casos, foi feita com base em comprovantes bancários e outras evidências colhidas na investigação. As ações reforçam as suspeitas de um esquema de corrupção.

As rachadinhas, objeto principal de investigação do MP na quebra de sigilo revelada nesta segunda-feira, já foram apontadas em investigações anteriores, mas tiveram parte das suas provas anuladas pela Justiça por uma questão regimental. Desde então, a apuração vem sendo refeita. A quebra de sigilo atual foi autorizada em fevereiro de 2021.

Empréstimos de funcionários

Entre 2008 e 2010, segundo a investigação, Flávio declarou ter recebido ainda dois empréstimos em dinheiro vivo de funcionários de seu pai, Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados. Ao todo, segundo a declaração do atual senador, foram 250 mil reais entregues a ele por Jorge Francisco e Wolmar Villar Júnior, que ficavam lotados no gabinete do ex-capitão.

Ao site, Flávio negou irregularidades, disse se tratar de um caso arquivado e ainda acusou distorção nas afirmações de que comprou imóveis em dinheiro vivo. As evidências colhidas pelo UOL, no entanto, mostram que a alegação do senador não se sustenta. Os detalhes de cada conta paga por Flávio em dinheiro vivo constam na reportagem completa, que pode ser acessada neste link.

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