Política

Alckmin minimiza ameaças de Bolsonaro: ‘É difícil o perdedor dar golpe’

Em entrevista ao UOL, o vice de Lula respondeu ainda se aceitaria ou não o posto de ministro da Economia e o que pensa sobre aborto e privatizações

Foto: Reprodução
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Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador de São Paulo e candidato a vice-presidente na chapa de Lula (PT), minimizou as ameaças de golpe feitas por Jair Bolsonaro (PL) nesta reta final das eleições. Segundo defendeu em entrevista ao UOL nesta quinta-feira 29, as declarações do ex-capitão seriam apenas ‘bravatas de um perdedor’.

É difícil o perdedor dar golpe, então acredito nisso não. Tem muito blefe, muita vacina para justificar o insucesso eleitoral”, avaliou Alckmin ao portal.

Para o ex-governador, pesa ainda para sua afirmação o fato de ele não ver disposição dos militares em apoiar uma ruptura ao lado de Bolsonaro. “Eu acredito no profissionalismo e seriedade das Forças Armadas, que são cumpridoras da Constituição”, defendeu o pessebista.

Apesar de não acreditar nas ameaças, Alckmin ponderou que os discursos do ex-capitão seriam motivadores de um aumento da violência política no Brasil.

“Isso é antipolítica. Muito disso [violência política] é fruto da forma que o presidente Bolsonaro se comporta”, destacou. “Ele deveria dar exemplo, como fazia JK, que pregava a concórdia, a união nacional. Mas não, ele acaba estimulando essa violência”.

Na conversa, o candidato a vice ainda foi questionado sobre a possibilidade de sua chapa sair vitoriosa no primeiro turno e sobre qual seria sua avaliação da busca pelo chamado voto útil entre eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).

Sobre o primeiro tema, Alckmin disse acreditar ‘ser possível’, mas que ainda se trata de uma resposta incerta, ‘de 1 milhão de dólares’. Ele pregou, porém, que considera melhor para o país, diante da escalada da violência bolsonarista, que o pleito termine já no dia 2 de outubro.

Já sobre o segundo tema, do voto útil, Alckmin negou que exista essa busca ‘desenfreada’ por angariar apoiadores de Ciro e Tebet. “Ninguém pede voto útil, você pede voto”, destacou. “Eu diria que não é uma campanha pelo voto útil, é uma campanha pelo voto”, enfatizou um pouco mais adiante.

Aceitaria ser ministro da Economia?

Na conversa, Alckmin foi questionado se aceitaria ser, além de vice, o futuro ministro da Economia em um eventual terceiro governo Lula. Sobre o tema, preferiu não responder de forma enfática, mas dissertou sobre suas visões para a economia do País.

“Esse negócio de sentar na cadeira antes da hora dá um azar danado. O negócio é pedir voto, não pode fazer comício, mas pode conversar”, disse antes de dissertar sobre a necessidade de reforma tributária que simplifique impostos, a urgência de uma reindustrialização e o caminho para se estabelecer novas relações com o mercado global.

Mais adiante, alertado pelos jornalistas de que esse era um discurso de um ‘típico ministro da Fazenda’, minimizou: “Eu sou um estudioso, gosto do tema e já fui candidato duas vezes”.

Em meio as respostas sobre economia, Alckmin também tratou do que pensa sobre privatizações. Vindo de longa trajetória no PSDB, que possui uma vertente privatizadora, Alckmin disse ser contra a entrega das grandes estatais brasileiras. O que ele defende, destacou, são as parcerias e concessões.

“Das estatais grandes eu não sou favorável à privatização. Agora, tem cento e tantas menores, então tem que avaliar caso a caso”, respondeu. “Agora, o tema é trazer investimentos privados: concessão e PPP, acho que esse é o caminho. Eu fiz a primeira PPP no Brasil, então defendo muito as PPPs e as concessões”, acrescentou mais adiante.

‘Pessoalmente contra o aborto’

Instado a tratar das suas visões sobre o aborto, Alckmin reiterou que tem visões parecidas com as de Lula, seu colega de chapa. “O presidente Lula já falou que pessoalmente é contra o aborto. Eu pessoalmente também sou contra”.

“Agora, a legislação já prevê o aborto em três ocasiões e acho que está adequado assim, não defendo mudanças”, disse ainda sobre o tema. “Mas é evidente que esse é um debate da sociedade. A sociedade discute e o Congresso legisla. Eu defendo a legislação”, reforçou.

Ele, assim como Lula, defendeu que o tema não pode ser ignorado e que deve entrar nas discussões de políticas de Saúde Pública para o país.

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