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O governo e o Congresso discutem formas de regulamentar a economia do cuidado

Amparo. Estima-se que as atividades invisibilizadas representem 11% do Produto Interno brasileiro – Imagem: iStockphoto
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A diarista Maria Solange, de 36 anos, pediu demissão do emprego para cuidar dos dois filhos pequenos, diagnosticados com doenças crônicas. Pela manhã, fazia faxina em condomínios no balneário de Porto de Galinhas, no litoral pernambucano, uma forma de complementar o salário do emprego fixo num centro comercial, onde precisava dar expediente à tarde e à noite. “Eu estava ficando sem tempo para meus filhos e isso estava me pesando muito na consciência. Já não tinham o pai na vida deles e ficar sem a mãe também estava me preocupando, eu vi que eles estavam precisando de mim. Mesmo assim, ainda lutei para segurar os dois trabalhos para que não faltasse nada para eles”, conta a diarista, que se sentiu forçada a escolher entre continuar nos dois empregos ou cuidar das crianças. “A falta do pai na vida deles me fez sair do emprego fixo. Eu sou mãe, sou pai, sou a responsável por eles. Fiquei só com os condomínios, porque posso conciliar os meus horários e dar atenção aos meus filhos, levá-los ao médico.” Solange também conta com o apoio da mãe no cuidado das crianças.

Assim como a diarista, outros 47,5 milhões de brasileiros, dos quais 75% são mulheres, estão invisibilizados na chamada economia do cuidado, um nicho do mundo do trabalho que chega a gerar 11% do PIB nacional, mas que não é valorizado nem recompensado com políticas públicas à altura. “Globalmente, as mulheres geram 10 trilhões de dólares com a economia do cuidado e, mesmo assim, o nosso valor de mercado, nossa entrega para a sociedade, não é reconhecido. Por isso esse ciclo de feminização da pobreza”, destacou Nina Lima, da ONG Thing Olga, durante seminário sobre economia do cuidado, realizado na terça-feira 9 na Câmara dos Deputados. “Mesmo o Ministério do Trabalho não reconhece o serviço doméstico, diz que não produz lucro a quem nos emprega. Isso é uma coisa absurda. O tempo que gastamos realizando as tarefas domésticas não é contabilizado como um ganho econômico, mas a gente sabe que é”, queixa-se ­Luíza Batista, da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas.

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